Associação de Dadores da Feira precisa de mais dádivas de sangue por jovens

16 de Agosto 2021

A Associação de Dadores Benévolos de Santa Maria da Feira, que diz ser a estrutura com “mais colheitas de sangue no país”, apelou esta segunda-feira a mais dádivas por jovens, para poder substituir as dos maiores de 65 anos.

Fundada em 1991 e com estatuto de utilidade pública desde 1995, essa instituição do distrito de Aveiro organiza uma colheita por fim-de-semana em cada uma das 31 freguesias da Feira, recolhe dádivas todas as segundas-feiras no quartel dos Bombeiros Voluntários de Arrifana e ainda tem na sede do município um espaço próprio para o efeito a funcionar todas as quartas e sextas de tarde.

“Continuamos a ser a instituição com mais colheitas por ano a nível nacional, mas houve uma quebra significativa nas dádivas quando a ‘troika’ veio para Portugal [em 2011] e desde aí nunca se recuperou totalmente, porque as pessoas que chegam aos 65 anos e deixam de poder dar sangue vão saindo da lista e, entretanto, quase não há gente nova a entrar para as substituir”, explica à Lusa o presidente da associação, Albano Dias Santos.

Realizando também colheitas em empresas e em escolas, a instituição começou por registar apenas 1.026 dadores no ano de arranque da sua atividade, mas, a partir daí, foi gradualmente aumentando o seu universo de contributos, até chegar a um recorde de dádivas por 17.053 cidadãos em 2010.

Já em 2011, ano em que a gestão do orçamento de Estado ficou a cargo do comité constituído por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional, essa adesão sofreu uma pequena quebra, ficando-se os dadores por um total de 10.794.

A situação foi-se agravando desde então e, se em 2019 foram 9.888 os dadores inscritos na Associação de Dadores Benévolos de Santa Maria da Feira, no final do ano seguinte – também devido à contenção social motivada pela pandemia de Covid-19 – a contabilidade ficou-se pelos 8.878 cidadãos.

“Não podemos ser ingratos e sabemos que estes números ainda são bons, mas é um facto que a quebra tem sido constante e nota-se perfeitamente que os jovens não estão envolvidos nesta causa nem sensíveis ao problema. Sentimo-los muito distantes”, diz Albano Dias Santos.

Lembrando que a dádiva só é possível por parte de cidadãos maiores de 18 anos, com boa situação clínica e com pelo menos 50 quilos de peso, esse responsável apela assim aos jovens da Feira e da região “para que se informem sobre a importância das doações de sangue e deem o seu contributo”.

“Estamos a sobrecarregar os dadores mais velhos quando a nossa juventude está em muito melhores condições de ajudar e de substituir aqueles que já fizeram a sua parte durante muito tempo”, realça.

Segundo dados oficiais da Federação das Associações de Dadores de Sangue, as várias colheitas organizadas pela Associação de Dadores Benévolos de Santa Maria da Feira representam “20% do movimento do centro de recolhas de Coimbra”, que é a delegação regional do Instituto Português do Sangue e da Transplantação.

Cidadãos disponíveis para doação terão que preencher um questionário prévio sobre a sua situação clínica atual, sendo que, de acordo com o Instituto Português do Sangue, um dos requisitos a cumprir para viabilizar a colheita é que, em caso de o dador ter sido vacinado contra a Covid-19, isso já se tenha verificado há mais de sete dias. No caso de essa inoculação ter motivado mal-estar, também será preciso aguardar uma semana após registo dos últimos sintomas pós-vacinais.

LUSA/HN

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