Privados recrutam enfermeiros através do Estagiar L nos Açores

19 de Agosto 2021

A Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros denunciou esta quinta-feira que “algumas” instituições privadas de saúde e do setor social estão a recrutar profissionais ao abrigo do programa de empregabilidade Estagiar L.

O presidente da Secção Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, Pedro Soares, afirma ter “tido conhecimento de que existem instituições na região a recrutar enfermeiros ao abrigo do programa Estagiar L”, voltando a apelar ao fim desta prática.

O Estagiar L, sublinha, visa “promover a inserção no mundo do trabalho de jovens recém-licenciados ou com mestrado realizado no âmbito do processo de Bolonha, através de um estágio, numa empresa ou entidade”.

“Numa altura em que a falta de enfermeiros na região é evidente, algumas instituições privadas de saúde e do setor social lançam avisos para a realização de estágios profissionais, nomeadamente ao abrigo do programa de empregabilidade Estagiar L, no lugar de apostarem na contratação efetiva dos mesmos”, afirma Pedro Soares, citado em nota de imprensa da Ordem.

Pedro Soares congratula-se com a ”não abertura de qualquer vaga nas instituições públicas por intervenção da tutela e de alguns enfermeiros com responsabilidade na gestão de equipas”.

Porém, repudia que continue a haver “desrespeito” e perversão do programa, com o aproveitamento do programa para conseguir mão de obra barata.

“Não há justificação possível e a falta de enfermeiros não pode ser encapotada com esta situação vergonhosa, que só acontece na nossa região”, frisa o dirigente.

Pedro Soares defende que até ao final do ano de 2021 os enfermeiros abrangidos por estes programas de estágio devem ser integrados em contrato de trabalho, solucionando-se com justiça a falta de enfermeiros registada em várias instituições.

De acordo com a Ordem, o enfermeiro não necessita de um estágio profissional para complementar as suas competências, visto que estas já estão reconhecidas pela atribuição do título.

Segundo o responsável, “não se mostra necessário proporcionar um estágio profissional no contexto real de trabalho que promova a inserção na vida ativa e a transição do percurso escolar para a vida ativa, dado que a formação em enfermagem já envolve a necessária componente prática composta por múltiplos estágios curriculares obrigatórios ao longo da licenciatura”.

A Secção Regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros vai expor a sua posição às entidades competentes, inclusive ao presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Boleiro.

LUSA/HN

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