Após uma reunião com o presidente do executivo açoriano, José Manuel Bolieiro, na sede da Presidência do Governo Regional, em Ponta Delgada, Carlos Furtado disse aceitar que “haja uma redução substancial” no valor total do Orçamento da região para 2022.

Segundo disse, existiu a “necessidade” de um “orçamento mais reforçado” em 2021 devido à pandemia da Covid-19, mas o antigo deputado do Chega afirmou que a região “não pode funcionar apenas com o crescimento de dívida”.

“Não pode ser essa a justificação [a pandemia] para estarmos ano após ano a bater recordes de Orçamento, sendo que esses orçamentos e esses recordes serão suportados pelo acréscimo da dívida. Não faz sentido”, declarou aos jornalistas.

Carlos Furtado defendeu a necessidade de diminuir a despesa do Orçamento para 2022 de forma a “acautelar as gerações futuras”.

“Temos de acautelar as gerações futuras e não se pode acautelar as futuras gerações com aumento de dívida. É um mau sinal que estamos a dar aos nossos jovens”, apontou.

Furtado é atualmente deputado independente depois de ter sido eleito pelo Chega nas eleições regionais de outubro de 2020.

Enquanto parlamentar independente, Furtado não tem um acordo de incidência parlamentar com os partidos que integram o executivo (PSD, CDS-PP e PPM).

O deputado realçou que o seu voto no Plano e Orçamento para 2022 não está dependente de um acordo escrito.

“Eu sou um açoriano à moda antiga. Os açorianos à moda antiga celebram os compromissos olhos nos olhos e se possível de aperto de mão”, assinalou.

Apesar de destacar que existe um “processo negocial em curso”, Carlos Furtado disse acreditar num voto favorável no próximo Plano e Orçamento.

“Estou em crer que vai ser um processo que vai terminar da melhor forma da minha parte porque foi um compromisso com os açorianos há aproximadamente um ano e que vou tentar, a todo o custo, que ele se cumpra nesta legislatura”, afirmou, referindo-se ao apoio à solução governativa nos Açores.

O presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, vai receber durante o dia de hoje os partidos com assento parlamentar na Assembleia Regional, tendo em vista a elaboração do Plano e do Orçamento para 2022.

O Plano e o Orçamento dos Açores para 2022, os segundos da atual legislatura, vão ser discutidos até ao final no ano na Assembleia Legislativa Regional.

O Plano e Orçamento da região para 2021 foram aprovados em abril com os votos favoráveis do PSD, CDS-PP, PPM, IL e Chega e a abstenção do PAN.

O Orçamento dos Açores para 2021 é de cerca de 1.900 milhões de euros, dos quais 165,7 milhões destinados ao transporte aéreo e à reestruturação da SATA, “um verdadeiro orçamento de exceção”, segundo disse em março o secretário das Finanças, Bastos e Silva.

O Governo dos Açores, de coligação PSD, CDS-PP, PPM, é liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro.

LUSA/HN