“Para já foi logo uma figura diferente, uma figura singular, não era um tecnocrata, era alguém operacional, que até se apresentava daquela maneira não é?”, afirmou a especialista em comunicação, referindo-se ao uniforme militar com que o coordenador da ‘task-force’ assumiu o combate ao novo coronavírus, o camuflado, comum aos três ramos das Forças Armadas.
“Acho que o contributo dele, ainda por cima num momento em que não estavam a chegar as vacinas com a velocidade que se pretendeu, a liderança que imprimiu neste processo foi muito importante, porque foi uma figura tranquila, sem dramatização e ao mesmo tempo uma figura em que as pessoas reviram a autoridade do ser capaz de conduzir a missão”, considerou a catedrática do Instituto de Comunicação da Universidade Nova de Lisboa.
Para Cristina Ponte foi também “muito importante” o facto de a grande maioria da população desejar ser vacinada e de não ter vingado em Portugal “um movimento anti-vacinas forte”, como noutros países da Europa, nomeadamente em França.
“Foi um bom exemplo de uma liderança eficaz para a condução de uma ação, complementada com um contexto de saúde e de uma população que confiou e que desejou também ser vacinada”, disse.
De acordo com os dados divulgados esta semana pela Direção-Geral da Saúde, 83% da população portuguesa já tem a vacinação completa.
Uma comunicação “pragmática, segura” e que inspirou “confiança”, destacou a investigadora, ao analisar a postura do vice-almirante, sublinhando que estes são fatores a ter em conta quando existe necessidade de “estabelecer confiança”.
O desempenho da missão acabou por contribuir para o prestígio das Forças Armadas, cuja imagem de se encontrava abalada, admitiu. “Também foi uma ocasião para as próprias Forças Armadas aparecerem aos olhos da sociedade como tendo um papel de relevância pública”, afirmou Cristina Ponte, acrescentando que o desempenho da task-force foi “um aspeto positivo para a coesã”, para uma ideia de que as FA podem ser: “Foram aqui neste caso uma infraestrutura logística que tornou possível este sucesso, à parte também o papel que tiveram os profissionais de saúde”.
A gestão da comunicação da pandemia foi, segundo a investigadora, “um enorme desafio”, porque “não vinha nos manuais” e abrange vários fenómenos que não apenas a questão da saúde pública como um todo, mas a forma como as pessoas lidam com situações inesperadas, com os medos, com a recusa e a manipulação da informação.
LUSA/HN
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