O estudo, a que a Lusa teve hoje acesso, refere que esta possibilidade “poderá permitir uma adequada preparação hospitalar face às necessidades futuras, tendo como objetivo principal uma melhor prestação dos cuidados de saúde aos doentes”.
A equipa, que integrou a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e o CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, correlacionou os dados obtidos através do Google Trends, uma ferramenta utilizada para avaliar as tendências das pesquisas realizadas online, com o número de hospitalizações por asma verificadas ao longo de cinco anos em cinco países, designadamente Portugal, Brasil, Espanha, Finlândia e Noruega.
No caso de Portugal, o grupo de cientistas concluiu que as pesquisas realizadas relativas às constipações apresentaram uma “forte correlação” com o número de hospitalizações por asma ocorridas entre 2012 e 2016, segundo dados da Administração Central do Sistema de Saúde.
Os investigadores identificaram resultados idênticos relativamente aos dados provenientes da realidade brasileira e espanhola.
Esta relação verificou-se de tal forma que os modelos desenvolvidos para prever hospitalizações por asma entre junho de 2015 e junho de 2016 nos países avaliados levaram a resultados fortemente correlacionados com as hospitalizações por asma observadas nesse período, “o que permitiu a criação de modelos capazes de prever novas hospitalizações”.
“A asma representa um encargo substancial para os sistemas de saúde, sendo as hospitalizações um dos principais impulsionadores dos custos relacionados”, esclarece em comunicado Bernardo Sousa Pinto, professor da FMUP e um dos autores do estudo.
A ocorrência de infeções do trato respiratório superior (como as constipações) constituem um dos principais fatores de risco para exacerbações em pacientes com asma.
De acordo com o artigo publicado no Journal of Medical Internet Research, a previsão dos padrões de hospitalização por asma pode ainda passar a incorporar outros fatores de risco para o agravamento da doença, como a poluição do ar ou a exposição ao pólen.
“Estes dois últimos fatores podem ser medidos, permitindo o desenvolvimento de sistemas de alerta, mas os dados sobre infeções do trato respiratório superior são um pouco mais difíceis de obter diretamente, pelo que a utilização de dados de pesquisas online se releva particularmente interessante enquanto forma indireta de obtenção dessa informação”, afirma Bernardo Sousa Pinto.
A restante equipa que esteve envolvida no estudo foi constituída pelos investigadores João Almeida Fonseca e Alberto Freitas (FMUP/CINTESIS), bem como pelos investigadores internacionais Jaana I. Halonen, Aram Antó, Vesa Jormanainen, Wienczyslawa Czarlewski, Anna Bedbrook, Nikolaos G. Papadopoulos, Tari Haahtela, Josep M. Antó e Jean Bousquet.
LUSA/HN
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