“O Ministério da Saúde, ao não investir nos hospitais e centros de saúde da região, está a prejudicar a formação médica e a impedir a formação de mais especialistas para o país”, afirma o presidente da Secção Regional do Centro, Carlos Cortes, citado numa nota de imprensa.
Na mesma nota, a secção expressa “profunda preocupação pela formação médica”, na sequência das declarações do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Sales.
O governante disse à Lusa que é a Ordem dos Médicos quem define as vagas para a formação de especialistas e que aquelas ficam aquém das necessidades das instituições de saúde.
“A Ordem, de facto, tem feito um esforço por se aproximar daquilo que são as necessidades, neste momento. Mas se compararmos aquilo que são as vagas que são pedidas pelas instituições e aquilo que são as idoneidades específicas formativas que são dadas pelas ordens, desde sempre existiu um diferencial”, revelou António Sales.
Segundo o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, a Ordem atribuiu sempre “idoneidades formativas inferiores àquelas que os serviços reportavam como as suas capacidades formativas”.
Na nota ontem divulgada, a Secção Regional refere que, “numa altura em que é fundamental uma intervenção urgente do Ministério da Saúde para resolver os problemas graves do setor, o governante veio dizer que quem define vagas para a formação das especialidades é a Ordem dos Médicos, o que não corresponde à realidade” já que é a própria tutela que publica o mapa de vagas.
“Ora, são as difíceis condições das instituições de saúde da região Centro, sem qualquer intervenção por parte do Ministério da Saúde há demasiado tempo, que não permitem uma melhor formação médica”, salienta a Ordem dos Médicos.
Carlos Cortes frisa ainda que “a Ordem dos Médicos não abdica da qualidade da formação médica em nenhuma circunstância”.
“Neste contexto, e reiterando os nossos constantes pedidos, solicita-se que o Ministério da Saúde invista mais na formação médica nos hospitais e centros de saúde da região Centro criando condições para a formação de mais especialistas que faltam ao país”, apela.
O responsável da Ordem dos Médicos apresenta como “um dos exemplos paradigmáticos na região Centro” o caso de Leiria, “onde se tem verificado um desprezo por parte” do ministério de Marta Temido “em relação à formação de especialistas” e que “tem sido o maior entrave à formação”.
“É fundamental a articulação de todos os intervenientes no setor, mas, infelizmente, o Ministério da Saúde não está a criar as condições nas unidades públicas de saúde de modo ter mais especialistas e, depois, incompreensivelmente, lamenta-se da sua própria inanição”.
Segundo Carlos Cortes, no atual contexto é a tutela que “está a deixar colapsar os serviços e [a] impedir que o país possa formar mais médicos especialistas”.
Na semana passada, após uma reunião com diretores clínicos e administração do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), Carlos Cortes denunciou que faltam 50 especialistas nas áreas da Ortopedia, Cirurgia, Medicina Interna e Ginecologia/Obstetrícia, com impacto no serviço de urgências do CHL.
LUSA/HN
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