O estudo “Acesso ao Sistema Regional de Saúde – Região Autónoma dos Açores” foi redigido por Piedade Lalanda, professora na Universidade dos Açores e investigadora no Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais CICS.NOVA.UAc.
Na investigação, disponível na página online da Provedoria de Justiça (que patrocinou o estudo), advoga-se que a “partilha de dados, processos, exames médicos é fundamental” para conseguir “desmaterializar o sistema e acelerar a resposta dos clínicos”.
“Continua a falhar a existência de um sistema informático, que promova uma verdadeira integração dos centros de saúde com o sistema hospitalar, e transforme o SRS num sistema integrado, articulado e eficiente”, lê-se no documento.
A investigadora defende que a telemedicina é uma “ferramenta facilitadora do acesso a consultas de especialidade” mas, para ser “eficaz”, deve estar integrada num único sistema informático.
“O recurso à telemedicina não pode substituir as consultas presenciais”, ressalva.
Segundo o Provedor do Utente da Saúde, citado no estudo, o tempo de espera no acesso a consultas ou cirurgias é a “principal razão das reclamações dos utentes”.
“A valorização do utente como centralidade do sistema de saúde público deveria superar os interesses pessoais, desde logo dos médicos que partilham a prestação ao Estado com a sua clínica privada”, aponta o estudo.
A autora considera “importante” a implementação de “manuais de boas práticas” que “unifiquem critérios” e promovam uma “cultura regional” nos cuidados de saúde.
Também é defendida a “integração das diferentes unidades de saúde de ilha num único sistema”, que seja mais “coordenado” no “encaminhamento de doentes para fora da ilha” de residência ou para o exterior da região.
“A integração dos doentes em listas de espera deveria considerar a qualidade de vida do utente como critério de prioridade, não apenas baseado em números de dias de espera”, acrescenta.
A investigadora refere que a proposta da Ordem dos Enfermeiros para a criação de Unidade de Gestão Regional do Acesso ao SRS “parece fazer sentido”, uma vez que a “principal vulnerabilidade da região” é a sua “dispersão e a necessidade de uma gestão sustentável”.
O estudo defende que, em certos casos, sobretudo nas ilhas mais pequenas, devem ser firmadas convenções entre o SRS e os privados para evitar a “deslocação dos utentes ou o recurso ao pagamento privado”.
“Os centros de saúde deveriam poder agir de forma mais abrangente, incluindo proporcionando o acesso a exames complementares de diagnóstico, contribuindo, sempre que necessário, para a segurança do parecer das equipas de saúde que, longe de um hospital, asseguram a resposta aos cidadãos residentes em ilhas mais pequenas”, conclui.
O estudo “Acesso ao Sistema Regional de Saúde – Região Autónoma dos Açores”, de Piedade Lalanda, vai ser apresentando hoje no polo de Ponta Delgada da Universidade dos Açores.
LUSA/HN
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