“Este ano ainda vamos ter uma condição deficitária, prevemos algum equilíbrio em 2023 e o regresso a resultados positivos em 2024”, disse à agência Lusa Francisco Ramos, explicando que a situação financeira do hospital era delicada, que melhorou ao longo deste ano a sua atividade, mas que ainda é insuficiente.
Francisco Ramos, que assumiu estas funções em dezembro de 2020, falava à Lusa na sequência da aprovação do orçamento para 2022/2025, em sede do conselho de administração do hospital, que agora inclui os novos acionistas, nomeadamente a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (titular de 54,98% do capital social da CVP-SGH) e da Parpública – Participações Públicas (SGPS), S.A. que detém 45%.
“Queremos que o hospital funcione baseado no que faz melhor, mantendo a lógica de hospital de prestígio, com uma dimensão não muito grande, onde se possa manter um bom ambiente de trabalho e um bom ambiente para as pessoas que nos visitam”, disse.
O presidente da comissão executiva explicou que o objetivo é apostar na estrutura interna, nomeadamente nas áreas de excelência do hospital: cardiologia, cirurgia cardíaca, ortopedia, cirurgia bariátrica e urologia, assim como no retomar do transplante renal.
“A marca hospital da Cruz Vermelha continua a ser uma marca de valor. Na prática queremos que continue a ser uma peça importante no sistema de saúde”, frisou.
Para melhorar as condições infraestruturais, explicou, ficou desenhado um plano de investimentos que rondam os 20 milhões de euros a executar nos próximos quatro anos.
Desde 2018 que a atividade do Hospital da Cruz Vermelha tem mantido uma trajetória decrescente nas diferentes linhas assistenciais, tendo-se acentuado nos últimos anos, devido, nomeadamente, à situação pandémica provocada pelo vírus SARS-COV-2.
A alteração da estrutura acionista foi considerada como uma oportunidade para a revitalização do Hospital, nomeadamente através do desenvolvimento de complementaridades e sinergias com outras entidades do universo da SCML e do seu reposicionamento no sistema de saúde e social nacional.
Ao longo de 2021, adiantou Francisco Ramos, foi retomada a atividade, com um crescimento entre 10 e 30 por cento, mas que é ainda insuficiente para garantir o equilíbrio financeiro.
“Ainda não conseguimos ultrapassar os efeitos negativos da pandemia”, admitiu, salientando que o hospital tem tentado criar condições para não perder profissionais, situação que acabou por ocorrer desde 2019, tendo inclusive agora melhorado as condições de remuneração de entrada dos enfermeiros.
Com a nova estrutura acionista o hospital também muda um pouco, embora mantendo-se hospital privado terá uma elevada vertente social, “dando atenção aos doentes do SNS e também aos da Misericórdia de Lisboa”.
“Vai continuar a ter vertente de hospital privado de referência até para financiar a atividade social”, disse adiantando que “o Hospital da Cruz Vermelha não pode ser um hospital privado como os outros” reforçando o papel social dedicando uma parte importante da sua capacidade a essa área.
Para já está prevista essa aposta social com os 30 mil beneficiários do apoio da misericórdia de Lisboa que passam a ser apoiados no Hospital da Cruz Vermelha em termos de consultas de especialidade médicas.
Francisco Ramos adiantou que está também em curso um protocolo com a junta de freguesia onde está instalado (S. Domingos de Benfica), criando condições especiais para “os vizinhos” da unidade, além de um plano em negociação com o Montepio Geral, para que o hospital seja um parceiro de referência, abrangendo 600 mil pessoas.
O Hospital Cruz Vermelha foi inaugurado em 01 de fevereiro de 1965 e teve a sua génese no Hospital de Santo António da Convalescença ou Casa de Saúde de Benfica, mandada construir pela Cruz Vermelha Portuguesa para dar resposta na avaliação, diagnóstico e tratamento dos doentes com graves ferimentos sofridos na guerra colonial (1961/1974).
LUSA/HN
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