A agenda de encontros do líder do executivo português na capital alemã, com o social-democrata e também ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz, e com Angela Merkel, foi avançada à agência Lusa por fonte oficial do Governo.
Segundo a mesma fonte do executivo de Lisboa, nas duas reuniões estarão em análise as relações bilaterais e a agenda europeia, nomeadamente a política da União Europeia para recuperação social e económica.
No início de outubro, durante uma reunião do Conselho Europeu na Eslovénia, a chanceler Angela Merkel convidou o primeiro-ministro para visitar Berlim, antes de terminar o seu mandato.
Já na última cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, no passado dia 22, em Bruxelas, António Costa disse assistir “com tristeza” à despedida da chanceler alemã naquele que foi o seu último Conselho Europeu.
“Houve momentos decisivos no processo de construção europeia que felizmente vivemos juntos e onde o contributo dela foi absolutamente decisivo, [como] aconteceu na crise migratória de 2015, onde seguramente sem a senhora Merkel da UE não teria estado à altura da resposta que deu para cumprir os seus deveres de assegurar a proteção internacional a quem dela necessitava”, começou por elencar o chefe de Governo.
O primeiro-ministro português destacou também Merkel por “ter conseguido não só desbloquear o quadro financeiro plurianual, como criar um plano de natureza extraordinária financiado com uma emissão comum dívida pela Comissão Europeia e que tem uma dimensão só comparável à do Plano Marshall”.
Em todos estes momentos, “foi decisivo o trabalho da senhora Merkel, embora tenha também uma enorme esperança e confiança naquilo que será a contribuição do próximo chanceler”, adiantou o primeiro-ministro, numa alusão ao líder do SPD, Olaf Scholz.
António Costa recebeu Olaf Scholz, em Lisboa, em maio passado, numa altura em que as sondagens ainda não indicavam qualquer favoritismo do líder dos sociais-democratas para as eleições gerais na Alemanha.
Perante os jornalistas, logo na sua declaração inicial, o primeiro-ministro português começou por fazer-lhe um elogio, considerando que a ação de Olaf Scholz como vice-chanceler e ministro das Finanças tem feito “a diferença na União Europeia”.
“Tivemos os dois a oportunidade de trabalhar de forma estreita no esforço que a Europa fez para responder à pandemia da covid-19. Além da dimensão dramática que teve no plano da saúde, a pandemia da covid-19 produziu também uma crise económica muito dura. E Olaf Scholz teve um papel decisivo para que a União Europeia respondesse de uma forma diferente face às respostas que deu nas crises anteriores”, sustentou o líder do executivo português.
“Também esteve depois no desenho do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que está agora a chegar à fase da sua implementação”, completou.
Na fase de perguntas da conferência de imprensa, António Costa foi questionado por uma jornalista alemã se estava a torcer para que o social-democrata Olaf Scholz fosse o próximo chanceler germânico, mas o líder do executivo recusou pronunciar-se sobre política interna alemã.
“Como toda a gente sabe, somos ambos sociais-democratas, mas Olaf Scholz está aqui como vice-chanceler e ministro das Finanças da Alemanha, e eu enquanto primeiro-ministro de Portugal. Ninguém tem seguramente dúvidas sobre qual é o meu desejo, mas os alemães seguramente saberão escolher o seu futuro”, argumentou António Costa.
Olaf Scholz sorriu ao ouvir a resposta de António Costa e comentou: “Temos de ser sempre um pouco diplomáticos nestas situações”.
O líder do Partido Social-Democrata (SPD), a força política que venceu às eleições legislativas alemãs do passado dia 26 de setembro, deverá ser o próximo chanceler da Alemanha, decorrendo ainda negociações para a formação do executivo.
LUSA/HN
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