Teva Talks em Lisboa sobre cuidadores informais

8 de Novembro 2021

"Quem Cuida dos Cuidadores?" é o tema da Teva Talks que viaja do Porto para Lisboa para que se possa voltar a abordar a importância de investir nos cuidadores informais, na quarta-feira, pelas 17:30h, no Museu do Oriente.

O painel de discussão do dia 10 de novembro será composto por Maria de Belém Roseira, antiga ministra da Saúde e antiga ministra da Igualdade, Ema Paulino, presidente da direção da Associação Nacional das Farmácias, Manuel Caldas de Almeida, administrador executivo e diretor clínico do Hospital do Mar, e Rosário Zincke dos Reis, vice-presidente da direção da Associação Alzheimer Portugal.

A Teva começa por dizer, em comunicado, que a “existência de um Estatuto do Cuidador Informal, que reconhece o papel essencial de quem cuida sem pedir (ou receber) nada em troca, foi um marco importante, mas não suficiente. Especialistas reunidos no Porto, numa Teva Talks subordinada ao tema ‘Quem Cuida dos Cuidadores?’, deixam o alerta: ‘investir nos cuidadores informais é investir na sustentabilidade dos serviços sociais e de saúde'”.

Bruno Alves, executive board member da rede europeia EUROCARERS e coordenador nacional da Cuidadores Portugal, considera essenciais o reconhecimento e a identificação dos cuidadores. “Sem esta identificação não se podem alocar respostas”, refere, salientando que ainda não se conhece o número real de cuidadores informais em Portugal.

Teresa Almeida, vogal da direção da Associação Nacional das Farmácias, conhece bem a realidade dos cuidadores informais e fala da existência de “pais que cuidam de filhos, idosos a cuidar de pais” e “maridos e mulheres”, sendo que muitos “não têm a noção que são cuidadores”. Há ainda um grande grupo de pessoas que não sabe onde se dirigir para obter apoios, por isso a “simplificação é essencial”, acrescenta.

Este é um dos pontos que mais preocupa os especialistas. “O grau de iliteracia é terrível”, confirma Belmiro Rocha, presidente da Associação Portuguesa dos Enfermeiros de Reabilitação. “Muitas pessoas não conseguem aceder a cuidados porque não têm conhecimento e apoios”, reforça.

Ana Luísa Pinto, diretora executiva da Associação Cuidadores – Melhorar a vida de quem cuida, alerta: não basta que exista o Estatuto ou decretos e leis; “é preciso trabalhar a informação para conseguir chegar a todo o tipo de público”.

Para tal, defendem os especialistas, tem de haver uma articulação entre várias áreas e apoio de quem conhece bem estes casos. “Os enfermeiros de reabilitação lidam muito com estes casos e, quando começamos a planear a reabilitação, deparamo-nos com situações terríveis. Está a ser feito um caminho, mas é preciso mais. O Estatuto avançou com a realização de 30 experiências-piloto, mas é importante que estas passem a ser realidade em todos os concelhos do País”, diz Belmiro Rocha.

Um Estatuto mais abrangente, “com critérios de elegibilidade que têm de ser “, segundo Bruno Alves, “mais alargados”, é também essencial, assim como “tornar possível que o cuidador possa ser substituído, por alguns períodos, para que possa descansar, trabalhar ou ter tempo para si próprio”, defende Ana Luísa Pinto.

PR/HN/Rita Antunes

 

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Confiança: o pilar da gestão de crises na Noruega

A confiança foi essencial na gestão da pandemia pela Noruega, segundo o professor Øyvind Ihlen. Estratégias como transparência, comunicação bidirecional e apelo à responsabilidade coletiva podem ser aplicadas em crises futuras, mas enfrentam desafios como polarização política e ceticismo.

Cortes de Ajuda Externa Aumentam Risco de Surto de Mpox em África

O corte drástico na ajuda externa ameaça provocar um surto massivo de mpox em África e além-fronteiras. Com sistemas de testagem fragilizados, menos de 25% dos casos suspeitos são confirmados, expondo milhões ao risco enquanto especialistas alertam para a necessidade urgente de políticas nacionais robustas.

Audição e Visão Saudáveis: Chave para o Envelhecimento Cognitivo

Um estudo da Universidade de Örebro revela que boa audição e visão podem melhorar as funções cognitivas em idosos, promovendo independência e qualidade de vida. Intervenções como aparelhos auditivos e cirurgias oculares podem retardar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento.

Défice de Vitamina K Ligado a Declínio Cognitivo

Um estudo da Universidade Tufts revela que a deficiência de vitamina K pode intensificar a inflamação cerebral e reduzir a neurogénese no hipocampo, contribuindo para o declínio cognitivo com o envelhecimento. A investigação reforça a importância de uma dieta rica em vegetais verdes.

Regresso de cirurgiões garante estabilidade no hospital Fernando Fonseca

O Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Fernando Fonseca entra num novo ciclo de estabilidade com o regresso de quatro cirurgiões experientes, incluindo o antigo diretor. A medida, apoiada pelo Ministério da Saúde, visa responder às necessidades de 600 mil utentes.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights