HTA: sistema de saúde é crucial para melhorar a adesão à terapêutica

9 de Novembro 2021

Uma nova declaração científica da “American Heart Association” publicada na revista “Hypertension” sugere que é necessário um apoio adicional dos pacientes com HTA por parte do sistema de saúde. A declaração insta profissionais de saúde, farmácias e seguradoras a desenvolverem estratégias específicas baseadas na evidência sobre a adesão aos medicamentos e criarem soluções para o controle da pressão arterial nas pessoas com hipertensão.

Uma nova declaração científica da “American Heart Association” publicada na revista “Hypertension” sugere que é necessário um apoio adicional dos pacientes com HTA por parte do sistema de saúde. A declaração insta profissionais de saúde, farmácias e seguradoras a desenvolverem estratégias específicas baseadas na evidência sobre a adesão aos medicamentos e criarem soluções para o controle da pressão arterial nas pessoas com hipertensão.

A declaração científica, “Adesão à medicação e controle da pressão arterial”, resume o conhecimento existente sobre o impacto da não adesão medicamentosa, os métodos de medição da adesão aos medicamentos e desafios associados, fatores de risco da não adesão, e estratégias para melhorar as taxas de utilização adequada dos medicamentos, individualmente e no sistema de saúde em geral.

De acordo com a “American Heart Association Heart and Stroke Statistics – 2021 Update”, na atualidade mais de 55 milhões de adultos norte-americanos  tomam medicamentos para baixar a hipertensão, sendo a pressão arterial elevada um dos principais fatores de risco para enfarte, doenças cardíacas e renais.

Os resultados das “National Health and Nutrition Examination Surveys” (NHANES),  realizadas entre 1999 e 2018 revelaram que, apesar das muitas opções de tratamento da hipertensão, a percentagem de pessoas que têm êxito na gestão da doença (140/90 mm Hg, neste estudo) baixou 10% entre 2014 e 2018 (de 53,8% para 43,7%, respetivamente). Ambas as percentagens estão muito abaixo da meta dos “U.S. Health and Human Services” para 2020: 61% dos adultos com pressão arterial inferior a 140/90 mm Hg.

Uma metanálise realizada em 2018 nos Estados Unidos, Canadá e Europa, realizada por M. Lemstra et al., relatou que 12% das pessoas com hipertensão nunca seguem as prescrições iniciais do médico. Embora muitos fatores contribuam para a má gestão da pressão arterial, o uso adequado de medicamentos desempenha um papel crítico. Mas a adesão aos medicamentos é complicada de abordar e requer soluções que gerem mais de um fator.

“Para reduzir o risco de internamento e mortes por hipertensão descontrolada, é necessária uma atenção específica para entender por que as pessoas não tomam os seus medicamentos conforme são prescritos pelos médicos. Este é um fator altamente modificável”, referiu o presidente do grupo responsável por esta declaração científica, Niteesh K. Choudhry, professor de Medicina na “Harvard Medical School” e diretor executivo do “Center for Healthcare Delivery Sciences”. “Há muitas razões pelas quais uma pessoa não usa ou não toma os medicamentos corretamente, e algumas dessas razões não estão sob o seu controle. À medida que procuramos as estratégias para apoiar as pessoas com hipertensão, precisamos de considerar soluções que incluam outros fatores, designadamente o papel dos profissionais de saúde e do sistema de saúde”.

Os especialistas analisaram as pesquisas publicadas desde 2000 para identificar intervenções eficazes que podem melhorar a adesão aos medicamentos. A declaração sugere que há várias intervenções que são mais propensas a ter êxito na promoção da adesão aos medicamentos: os sistemas de saúde devem desenvolver um método fiável para avaliar a adesão e oferecer recursos para apoiar os pacientes; um banco de dados de renovação de receitas nas farmácias é a melhor fonte de informação sobre adesão; aconselhamento em tempo real, discussões abertas, assistência visual e diários dos doentes podem ser importantes para melhorar a adesão e o conhecimento em saúde das pessoas sobre hipertensão; novas tecnologias que integram avisos, tais como mensagens de texto ou sons de alerta; os profissionais de saúde devem avaliar formas de simplificar o regime dos medicamentos; as seguradoras devem reduzir ou eliminar os co-pagamentos dos medicamentos para resolver parte da barreira financeira à adesão à medicação. 

Por último, os especialistas consideram que deve ser incentivada a monitorização regular da pressão arterial no domicílio porque estas medições “são muitas vezes mais precisas e preditivas de problemas cardiovasculares do que as leituras de pressão arterial feitas no consultório ou no hospital”.

Mais informação em: 

Medication Adherence and Blood Pressure Control

A Scientific Statement From the American Heart Association

Authors: Niteesh K. Choudhry, MD, PhD, Chair; Ian M. Kronish, MD, MPH, FAHA; Wanpen Vongpatanasin, MD;

Keith C. Ferdinand, MD, FAHA; Valory N. Pavlik, PhD; Brent M. Egan, MD, FAHA; Antoinette Schoenthaler, EdD;

Nancy Houston Miller, BSN; David J. Hyman, MD, MPH; on behalf of the American Heart Association Council on Hypertension;

Council on Cardiovascular and Stroke Nursing; and Council on Clinical Cardiology

Hypertension. 2021;78:00–00. DOI: 10.1161/HYP.0000000000000203

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