Em declarações à Lusa, o presidente da APIFVET, Jorge Moreira, explicou que a escassez de vacinas e medicamentos para gatos e cães que se tem verificado está a ser resolvida e que a indústria fez um reforço da produção. Apelou à “tranquilidade e ao não açambarcamento”.
“Tudo está a ser feito na produção, houve um reforço, as empresas estão a produzir a 100%, mas estamos a falar de produtos biológicos, em que as culturas demoram tempo a crescer. Depois, é preciso fazer análises para confirmar se os produtos estão conformes e tudo isto demora”, disse o responsável.
Jorge Moreira lembra que “só há quatro ‘players’ com importância na produção de vacinas, especialmente para animais de companhia”, frisando que “quando há algum problema nalgum deles, tudo abana”.
Explicou que com a pandemia e a necessidade de produzir vacinas anti-Covid-19, os materiais foram concentrados e desviados apenas para esse circuito de produção, especialmente frascos, tampas de borracha e cápsulas, e que isto coincidiu com “um ‘boom’ de animais adotados”.
“E isto não aconteceu só em Portugal, foi em toda a Europa”, disse o responsável, acrescentando: “Se tudo correr bem e não houver surpresas, estou convencido de que daqui a mais um ou dois meses a situação estará normalizada”.
“Não pode é haver o síndroma do papel higiénico [referindo-se ao açambarcamento de papel higiénico pelas pessoas no inicio da pandemia]. Até porque as vacinas têm validade de um ano a ano e meio e isso não faz sentido”, sublinhou.
Jorge Moreira apela à calma dos donos dos animais, lembrando que, nos gatos mais velhos, se a vacina for atrasada quatro a seis semanas não há problema, pois a imunidade mantém-se”.
“Nas vacinações iniciais já não se pode falhar”, afirmou, apelando aos donos dos animais para que falem com os veterinários e a estes profissionais que ajudem a definir prioridades na vacinação dos animais.
Recorda ainda que muitos dos materiais que faltaram são produzidos em países asiáticos, onde ainda há dificuldades na vacinação anti-Covid-19, o que também acaba por atrasar a produção.
“Toda a indústria à escala mundial está a ter atrasos, tanto na produção, como no transporte”, afirmou o responsável, explicando que o problema maior está nas vacinas e que, nos medicamentos para animais, o que acontece é que há princípios ativos que têm algumas falhas “porque as fábricas não os produzem”.
Nalguns casos, como os medicamentos são maioritariamente produzidos na Índia e na China, países onde ainda há problemas com a pandemia que obrigam a isolamentos, impedindo trabalhadores de estarem nas fábricas, a produção acaba por atrasar.
Em comunicado, a APIFVET insiste que, na sequência dos planos desenvolvidos pela indústria farmacêutica veterinária para robustecer o fornecimento de vacinas e outros medicamentos veterinários, “é esperado que as situações de escassez temporária que ocorreram recentemente venham a estar ultrapassadas no curto prazo, ou se revistam de uma natureza pontual”.
“Apesar de poder causar alguma apreensão nos donos dos animais, esta é uma situação que não coloca em causa a saúde pública ou animal futuras”, acrescenta a associação, reafirmando o seu compromisso com todo o setor, “num momento em que começa a assistir a uma normalização das cadeias de produção”.
A APIFVET representa cerca de 90% da indústria farmacêutica de medicamentos veterinários.
LUSA/HN
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