Descoberto biomarcador com potencial de prognóstico da leucemia mieloide aguda

29 de Novembro 2021

Investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto descobriram um novo biomarcador que, centrado no papel do ferro, pode potenciar o prognóstico da leucemia mieloide aguda, tendo sido distinguidos pela Sociedade Portuguesa de Hematologia.

Em comunicado, o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde(i3S) revela esta segunda-feira que a investigação, publicada na revista Blood Advances, centra-se no papel do ferro na leucemia mieloide aguda e avança com um novo biomarcador de prognóstico.

A leucemia mieloide aguda, um dos tipos mais comuns de leucemia, é um tipo de tumor que afeta a medula óssea, responsável pela produção das células sanguíneas, como os leucócitos, plaquetas e eritrócitos.

Citada no documento, a primeira autora do artigo, Marta Lopes, salienta que a leucemia mieloide aguda é uma doença agressiva, provocada pela “proliferação descontrolada de células progenitoras mieloides na medula óssea e no sangue”.

Apesar da investigação “ativa” sobre esta doença, as terapêuticas “continuam limitadas”.

“Sabemos que as células da leucemia dependem de alterações genéticas específicas, mas também sabemos que existem fatores extrínsecos a estas células cancerígenas que determinam a sua proliferação e a resistência à quimioterapia”, observa a autora, que diz ser importante perceber o papel dos reguladores extrínsecos à doença, como o ferro.

A investigação, que recorreu a amostras de pacientes do IPO do Porto e a modelos pré-clínicos de ratinho, descobriu que, no momento do diagnóstico, a leucemia mieloide aguda é uma doença que “apresenta um perfil de ferro único”.

Os modelos pré-clínicos de ratinhos permitiram ainda concluir que “as células de leucemia acumulam ferro e que existe uma perda de eritroblasto devido à redistribuição de ferro”.

“Também observamos um aumento da sobrevivência em pacientes com níveis de saturação da transferrina elevados ao diagnóstico”, refere Marta Lopes, acrescentando que os resultados permitem uma “maior compreensão do papel do ferro” e apontam a saturação de transferrina como “potencial marcador de prognóstico”.

Os resultados do estudo poderão também “abrir portas a potenciais novas terapias, através de mais estudos que explorem os mecanismos subjacentes ao potencial efeito anti-leucémico do ferro”.

A investigação foi distinguida com o Prémio Nacional de Hematologia, no valor de 25 mil euros, da Sociedade Portuguesa de Hematologia.

O valor do prémio permitirá a execução de projetos em desenvolvimento nesta área a decorrer no grupo de investigação ‘Hematopoiesis and Microenvironments’ do i3S.

LUSA/HN

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