“Foi uma atitude correta. Foi uma atitude de risco, mas tornou-se eficaz. E voltaríamos a tomá-la”, afirmou Cristina Fraga, rejeitando que a situação tenha provocado um caos no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), como apontou ontem de manhã o antigo diretor de informática.
A responsável falava na reunião da Comissão Especializada Permanente de Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, no âmbito de audições requeridas pelo grupo parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) que justificou as audições “com notícias que surgiram a partir de finais de maio relacionadas com os problemas informáticos surgidos no Hospital, que geraram perturbação no próprio funcionamento” da maior unidade de saúde dos Açores.
Em 24 de junho, o Governo dos Açores informou ter sido detetada “uma tentativa de intrusão externa no sistema informático” do Hospital de Ponta Delgada, pelo que foi acionado um plano de contingência.
Em 22 de julho, o conselho de administração (CA) do Hospital emitiu uma nota onde referia que “os pormenores sobre o ataque informático” de que foi alvo a maior unidade de Saúde dos Açores “não podem ser divulgados enquanto estiverem em investigação”.
Ouvida ontem na Comissão Especializada Permanente de Assuntos Sociais, a presidente do conselho de administração do Hospital de Ponta Delgada sublinhou que a decisão de “isolar informaticamente o Hospital do ciberespaço com a restante rede do exterior e a restante rede do Governo Regional foi decidida pela secretaria das Obras Públicas e Comunicações, a direção regional de Saúde e o conselho de administração” da maior unidade de saúde dos Açores.
E, acrescentou, pelo contrário “há uma única pessoa que é responsável pelo serviço de informática do Hospital do Divino Espírito Santo que tem uma opinião contrária a informar que está tudo estabilizado”.
“Houve sim um ciberataque. Isso é inquestionável”, vincou Cristina Fraga, adiantando que “não foram reveladas as motivações, nem feito nenhum resgate, dado o pronto isolamento” do Hospital “da internet”.
A responsável assinalou ainda que a decisão do conselho de administração “foi a bem do interesse do Hospital e do serviço público”, garantindo que o desligamento total dos sistemas informáticos “não” originou bloqueio de equipamentos vitais.
“Se não fosse isolada a estrutura de segurança da rede esta continuaria exposta a outro ciberataque, porque não havia segurança da rede”, sustentou Cristina Fraga, apontando que o ex-diretor de informática do Hospital do Divino Espírito Santo, na ilha de São Miguel, “desvalorizou a situação, minimizou” o problema.
Aos deputados a responsável garantiu que “o foco” do conselho de administração do Hospital “é reduzir as listas de espera tanto na área cirúrgica como na área médica” e “melhorar a qualidade assistencial dos açorianos”.
Ouvido ontem à noite na mesma Comissão, o secretário regional da Saúde e Desporto disse que a questão do ataque informático foi “um processo tutelado pela secretaria regional das Obras Públicas e Comunicações”, não lhe cabendo “manifestar opinião”.
Clélio Meneses disse que, relativamente ao Hospital de Ponta Delgada, está-se perante uma instituição de saúde “de dimensão e dinâmicas muito complexas”, tendo em conta “o público que abrange e o número de funcionários”.
Referiu que o executivo açoriano de coligação PSD/CDS-PP/PPM se deparou na unidade de saúde “com um conjunto de problemas e, sobretudo, com a necessidade de implementar medidas que dessem uma resposta efetiva às necessidades dos utentes”.
O titular pela pasta da Saúde nos Açores referiu que “em termos de consultas, de meios complementares de diagnóstico e terapêutica e cirurgias há um grande avanço”, assim como na contratação de mais profissionais de saúde, indicando ainda que vai “começar no próximo ano” uma “intervenção de fundo” no edifício do Hospital.
“Tem havido diálogo e grande motivação para resolver problemas no Hospital de Ponta Delgada”, assegurou.
A Comissão aprovou ainda, ontem à noite, por unanimidade, um requerimento do PSD que propôs a audição da responsável do Governo Regional pelas Comunicações.
LUSA/HN
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