“Nós já estamos a fazer o nosso trabalho de casa, que é o mais importante, depois há todo um processo burocrático por detrás. As premissas já temos e acredito que no ano de 2022 iremos ter o certificado enquanto país de resposta no VIH-SIDA e outras áreas”, disse o secretário de Estado-adjunto do ministro da Saúde de Cabo Verde, Evandro Monteiro, na cidade da Praia, no âmbito do dia mundial de luta contra a SIDA.
De acordo com o membro do Governo, neste momento, Cabo Verde tem uma taxa de prevalência de 0,1% da transmissão vertical (de mãe para filho) do VIH-SIDA.
“São dados importantíssimos”, salientou, indicando que já há uma equipa a trabalhar para conseguir da Organização Mundial de Saúde (OMS) o certificado de eliminação.
Outro dado avançado pelo secretário de Estado é que nos últimos 10 anos Cabo Verde diminuiu a taxa de seroprevalência do VIH-SIDA em 25%.
“São dados importantes, significativos, que traduz também uma resposta assertiva e importante que estamos a dar relativamente à situação de HIV-SIDA em Cabo Verde”, reforçou, traçando como outra ambição do país transformar paulatinamente a SIDA numa doença crónica em tratamento e controlada.
A secretária executiva do Comité de Coordenação do Combate à Sida, Maria Celina Ferreira Furtado, avançou que Cabo Verde tem neste momento uma taxa de infeção de 0,6%, que é considerada de “fraca prevalência”, mas com concentração nas mulheres, que é de 0,7%.
De acordo com a mesma fonte, Cabo Verde tem uma epidemia concentrada em populações vulneráveis, como as que vivem nas grandes cinturas urbanas, utilizadores de drogas, homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e os seus clientes e pessoas com deficiência.
Por isso, afirmou que o comité tem uma estratégia tanto fixa como móvel para alcançar essas pessoas, com trabalho nas comunidades, oferecendo um pacote de serviços, como meios de prevenção, testes de diagnóstico e tratamento precoce aos casos positivos.
Relativamente à pandemia da Covid-19, Celina Ferreira reconheceu que poderá ameaçar o trabalho realizado na luta contra o VIH-SIDA, mas garantiu que há um plano de intervenção nas escolas, grupos comunitários e nas populações chave para a prevenção.
“Nós não podemos baixar a guarda, estamos em situação de pandemia de Covid-19, Cabo Verde é um país vulnerável, as famílias perderam rendimento, mas estamos cientes de que devemos acelerar”, afirmou.
Além de estar prestes a obter o certificado de eliminação vertical da transmissão do VIH-SIDA, a secretária executiva disse que o comité está também a trabalhar o plano estratégico 2022-2026, que vai preparar o país para alcançar a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que é acabar com a Sida no horizonte 2030.
Relativamente à transmissão vertical, avançou que hoje de 100 crianças que nascem de mães seropositivas, 98 são saudáveis. “Isso é um excelente ganho para Cabo Verde e temos de manter isso para obter a certificação da OMS”, declarou.
Por sua vez, Josefa Rodrigues, da Rede Nacional das Pessoas que Vivem com o VIH, disse que ainda existe muito tabu relativamente a pessoas com HIV e com Sida, e discriminação, sobretudo no seio familiar, o que é mais doloroso.
Por isso, considerou que é preciso trabalhar e dar mais informação às famílias, embora tenha reconhecido que nem todas aceitam ou compreendam que uma pessoa com HIV pode levar uma vida normal, já que muitos estão indetetáveis e já não se transmite, enquanto as com Sida são as que estão doentes, fora de tratamento e podem morrer.
“Acabar com as desigualdades. Acabar com a Sida. Acabar com as pandemias” é o lema deste ano dia mundial de luta contra Sida, que tem como propósito chamar atenção para a necessidade de pôr fim as desigualdades que afetam a epidemia e outras pandemias em todo o mundo.
LUSA/HN
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