Farmácias e laboratórios sem mãos a medir para responder à corrida aos testes

3 de Dezembro 2021

Farmácias e laboratórios estão sem mãos a medir para responder à procura por parte da população do rastreio à Covid-19, tendo alguns duplicado o número de testes realizados diariamente, desde quarta-feira, quando entraram em vigor as novas medidas.

Cerca da 08:00, a fila já era longa à porta da farmácia União, na Estrada de Benfica, em Lisboa, que está a funcionar em regime ‘casa aberta’, conforme indica um pequeno cartaz colocado à porta com a informação “Testes à Covid-19. Aguarde pela sua vez”.

Desde que foram conhecidas as novas medidas para conter a propagação do vírus SARS-CoV-2, como a obrigatoriedades de apresentar um teste negativo, mesmo para pessoas vacinadas, para viajar, entrar em lares e grandes eventos culturais ou desportivos, tem sido “um caos na farmácia”, contou à Lusa o seu responsável, António Monteiro.

“Tem sido o caos desde que foram conhecidas as novas medidas (…). As pessoas já por antecipação foram acorrendo à farmácia com mais assiduidade para fazer a testagem, uma situação que começou nos últimos dias de novembro”, disse António Monteiro.

Os últimos dias têm sido marcados por longas filas à porta da farmácia que está a realizar diariamente 200 testes rápidos de antigénio (TRAg), com uma taxa de positividade a rondar os 3%, 4%, dentro da “média nacional”.

Isto porque, além da testagem, a farmácia continua a atender “todos os utentes com as suas doenças crónicas” e está a decorrer a vacinação contra a gripe, elucidou, notando que também há limitações ao número de pessoas que podem estar dentro do estabelecimento por questões de segurança.

A afluência aos laboratórios de análises clínicas Germano de Sousa também aumentou desde a passada semana, com dezenas de pessoas a aguardar hoje de manhã no Centro de Medicina Laboratorial, em Lisboa, para realizar o teste.

“No fim da semana passada e no começo desta semana começámos quase duplicar a procura dos testes quer PCR quer TRAg e neste momento passámos dos cerca de três mil testes para mais de 6.000 mil testes por dia”, disse à Lusa Germano de Sousa, proprietário da rede de laboratórios.

Mas estes números ainda estão muito longe dos alcançados em janeiro deste ano, no pico da pandemia, em que os laboratórios chegaram a fazer entre 15 a 16 mil testes por dia.

“Para nós, isto é um número relativamente pequeno, mas seja como for duplicou a procura”, salientou o médico patologista, revelando que a positividade dos testes PCR é de cerca de 8% e dos TRAg de cerca de 2%, o que disse ser “compreensível dada a sensibilidade muitíssimo maior dos testes PCR”.

Todas as semanas, Olga Batista vai à farmácia União realizar o teste por precaução: “Vou ver muito desporto e aproveito, mas hoje não vou ver o Benfica-Sporting, vou ao futsal”, contou à Lusa a adepta de desporto, que usava uma máscara do Sporting.

Não costumava esperar muito tempo para fazer o rastreio, uma situação que mudou nos últimos dias. “Hoje, por acaso esperei bastante e já na terça-feira também esperei”, disse Olga Batista, que chegou à farmácia às 08:05 e realizou o teste cerca de duas horas depois.

David esperava pacientemente na longa fila para realizar o teste que lhe permitirá, se estiver negativo, assistir ao dérbi Sporting-Benfica, marcado para hoje à noite.

“Sou o número 75 e ainda vai no número 30, portanto, tenho 60 pessoas à minha frente e um tempo de espera de pelos menos uma hora”, disse o jovem, considerando positiva esta medida do Governo.

“Quanto mais testagem houver mais eficiente é o sistema de entrada em todos os sítios e acho que é o melhor método neste momento de prevenção da propagação do vírus”, salientou David.

O concerto de André Rieu foi o motivo que levou Leonel Ferreira a dedicar algumas horas da sua manhã para fazer o teste.

“Como tenho de realizar o teste com 48 horas de antecedência tenho que esperar aqui até chegar a minha vez”, disse Leonel Ferreira, que já tinha preenchido o documento de consentimento informado dado por uma funcionária da farmácia.

Também disse estar de acordo com as novas exigências por causa da evolução da pandemia: “Da maneira que isto está a gente tem de se preocupar. Tenho as duas vacinas, tenho o certificado de vacinação no telemóvel, mas não é o suficiente”, considerou.

A viver nas Caldas da Rainha, Henrique Teresa teve de se deslocar ao laboratório em Lisboa para acompanhar a mulher que vai ser operada a uma vista e necessita de um teste PCR.

Confessou que nas Caldas da Rainha não é fácil fazê-lo e ali só teve de esperar cerca de 10 minutos, não fosse a viagem de mais de uma hora que teve de fazer.

Germano de Sousa, que já perdeu a conta aos testes que os seus laboratórios realizaram, considerou positiva esta medida.

“Os certificados de vacinação podem ser úteis para determinadas situações como restaurantes, etc, mas para jogos como o dérbi de hoje creio que será mais seguro [ter o teste negativos], embora o ideal seria que houvesse separação de lugares, assento sim, assento não, mas não sou eu que determino essas coisas, mas acho que a segurança nunca fez mal a ninguém”, declarou o patologista.

LUSA/HN

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