Em declarações à agência Lusa, a presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), Maria Antónia Escoval Martins, disse que as reservas estão com níveis “normais para esta altura do ano”, mas insistiu: “é importante que todos os que possam deem sangue nos meses de dezembro e janeiro”, aqueles em que é mais necessário “reforçar a dádiva”.
“Tradicionalmente, já temos as infeções respiratórias e, este ano, há também as infeções covid e os isolamentos profiláticos. Há muitas pessoas em isolamento profilático e há um período de suspensão para quem tem infeções respiratórias e para quem tem infeções covid”, explicou.
“A probabilidade de transmissão através da transfusão é um risco puramente teórico, mas nós usamos sempre medidas de precaução”, acrescentou a responsável.
Maria Antónia Escoval Martins disse que as reservas no IPST estão entre cinco a 43 dias e que, a nível nacional, contando com os hospitais, situam-se entre 16 a 59 dias.
“São valores habituais para esta época do ano, mas os meses de dezembro e janeiro são sempre aqueles em que necessitamos mais de reforçar a dádiva”, explicou.
A presidente do IPST considerou que este ano foi “particularmente bom para a dádiva de sangue”, sublinhando que até final de novembro, só no IPST (representa 60% das colheitas), havia mais 8,5% de dádivas, mas lembrando que há igualmente “mais 7,5% de distribuição de componentes sanguíneos do que em 2020”.
“Se compararmos as dádivas e a distribuição com 2019 também temos mais 2,5% de dádivas e 1,5% de distribuição. Foi um ano particularmente importante para dádiva de sangue, mas é preciso lembrar que há sempre estas variações sazonais, que se verificam no verão, quando as pessoas saem da sua residência habitual, e também, e principalmente, nos meses de dezembro e janeiro”, acrescentou.
A responsável explicou que o instituto enviou esta semana às federações e associações de dadores de sangue “uma mensagem para, preventivamente, se fazer um contacto de proximidade com todos os dadores para reforçar dádiva”.
“Preocupa-nos não só a situação das festas, como da primeira semana de janeiro, com as pessoas em teletrabalho, pois temos de garantir todos os dias nos hospitais 800 a 1.000 unidades de sangue e componentes sanguíneos”, afirmou.
Maria Antónia Escoval Martins disse que, no âmbito da estratégia do IPST para promover a dádiva nos meses de dezembro e janeiro, foram igualmente contactados os outros serviços de sangue, as universidades, as associações de estudantes, as federações universitárias, as juntas de freguesia e os clubes desportivos.
“Esta dádiva tem de ser continuada ao longo destes dois meses, por causa dos problemas dos prazos de validade dos componentes sanguíneos. Além disso, há ainda o facto de os homens só poderem dar sangue de três em três meses e as mulheres de quatro em quatro”, lembrou a responsável, insistindo: “Temos de garantir as reservas durante estes dois meses, que são sempre particularmente difíceis, mas que este ano a situação é agravada por esta situação dos isolamentos”.
Recordou ainda que, por causa da pandemia, tem havido alterações na frequência das faculdades, que asseguravam a dádiva de sangue em dois períodos “muitos marcados” (novembro-dezembro e março-abril).
“Os alunos continuam num regime misto e as direções de associações de estudantes também mudaram. Fazíamos com as faculdades colheitas extraordinárias nestes meses e estamos a ter dificuldades em retomar”, contou.
A presidente do IPST apontou ainda a dádiva que habitualmente era feita nas unidades móveis de colheita, que com as exigências da pandemia, designadamente a necessidade de distanciamento, não estão a funcionar.
“A dádiva de sangue é um desafio constante”, desabafou a responsável, lembrando que o envelhecimento da população traz dificuldades acrescidas e sublinhando a importância de manter uma constância na dádiva ao longo de todo o ano.
LUSA/HN
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