Presidente do CHULN alerta para dificuldades de reter e atrair profissionais de saúde

10 de Dezembro 2021

O presidente do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) reconheceu esta sexta-feira a dificuldade em reter e atrair profissionais de saúde, admitindo também a falta de boas condições de trabalho em “muitos serviços” devido à insuficiente capacidade de autoinvestimento.

Na sua intervenção na conferência “Os Desafios da Inovação em Saúde”, comemorativa do 67.º aniversário do Hospital de Santa Maria, Daniel Ferro enumerou vários projetos que estão a ser desenvolvidos no centro hospitalar como a ampliação da Unidade de AVC e o projeto de eficiência energética.

“Num projeto com grande volume de despesas adicionais e extraordinárias irá conseguir-se também a melhoria da sustentabilidade económica e financeira”, disse o presidente do conselho de administração do CHULN.

“Esperamos reduzir o déficit anual em dois terços sem escamotear as dificuldades de que são exemplos a dificuldade de retenção e atração de profissionais em grande medida devido à lenta retoma das políticas de progressão e promoção profissional”, salientou.

Apontou ainda a “ausência de boas condições de trabalho ainda em muitos serviços devido à insuficiente capacidade de autoinvestimento, apesar da sua duplicação nos últimos dois anos”.

Daniel Ferro considerou, contudo, que existem “bons motivos para se encarar o futuro do Centro Lisboa Norte com otimismo, com mais confiança, com mais autoestima de relevante e referencial missão assegurada” pelo CHULN no panorama nacional e internacional.

Destacou projetos estruturais “muito relevantes” que estão em marcha como a remodelação e centralização da nefrologia e unidade de transplantação renal, a requalificação de todo o serviço de hematologia, a remodelação e beneficiação da psiquiatria e requalificação da pedopsiquiatria, incluindo o internamento de adolescentes, a ampliação da oncologia e construção do primeiro Centro de Investigação Clínica Fase 1.

Também presente na conferência, o diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e presidente do Centro Académico de Medicina de Lisboa, Fausto Pinto, afirmou que um dos problemas principais em Portugal e no mundo é o acesso à inovação terapêutica e tecnológica.

“Infelizmente neste capítulo Portugal continua a mostrar atrasos muito significativos de acesso à inovação em comparação com outros países da União Europeia”, salientou.

Citando os dados do Relatório da Primavera 2019 do Observatório dos Sistemas de Saúde, o especialista exemplificou que o tempo para acesso à inovação terapêutica em Portugal era cinco vezes mais longo do que na Alemanha, por exemplo, o país com melhor resultado a nível europeu.

“Enquanto a Alemanha tem em média uma espera de 119 dias entre a autorização de introdução no mercado de medicamentos inovadores e o acesso pelos doentes alemães, em Portugal o doente português espera 634 dias, o que equivale quase a dois anos”, elucidou.

Mesmo comparando com Espanha, que é considerado “um mercado comparável e próximo”, Portugal apresenta um desempenho 1,6 vezes pior, com a demora média espanhola a situar-se abaixo dos 400 dias.

Para Fausto Pinto, “é imperativo” que os portugueses tenham de “forma equitativa” acesso à inovação terapêutica e tecnológica de qualidade em tempo útil e em função das suas necessidades específicas.

“As autoridades regulamentares deverão cumprir escrupulosamente os prazos definidos na lei para se pronunciarem pela admissão ou introdução no mercado dos medicamentos e outras tecnologias que acrescentem valor comprovadamente efetivo”, defendeu Fausto Pinto.

LUSA/HN

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