Na sua intervenção na conferência “Os Desafios da Inovação em Saúde”, comemorativa do 67.º aniversário do Hospital de Santa Maria, Daniel Ferro enumerou vários projetos que estão a ser desenvolvidos no centro hospitalar como a ampliação da Unidade de AVC e o projeto de eficiência energética.
“Num projeto com grande volume de despesas adicionais e extraordinárias irá conseguir-se também a melhoria da sustentabilidade económica e financeira”, disse o presidente do conselho de administração do CHULN.
“Esperamos reduzir o déficit anual em dois terços sem escamotear as dificuldades de que são exemplos a dificuldade de retenção e atração de profissionais em grande medida devido à lenta retoma das políticas de progressão e promoção profissional”, salientou.
Apontou ainda a “ausência de boas condições de trabalho ainda em muitos serviços devido à insuficiente capacidade de autoinvestimento, apesar da sua duplicação nos últimos dois anos”.
Daniel Ferro considerou, contudo, que existem “bons motivos para se encarar o futuro do Centro Lisboa Norte com otimismo, com mais confiança, com mais autoestima de relevante e referencial missão assegurada” pelo CHULN no panorama nacional e internacional.
Destacou projetos estruturais “muito relevantes” que estão em marcha como a remodelação e centralização da nefrologia e unidade de transplantação renal, a requalificação de todo o serviço de hematologia, a remodelação e beneficiação da psiquiatria e requalificação da pedopsiquiatria, incluindo o internamento de adolescentes, a ampliação da oncologia e construção do primeiro Centro de Investigação Clínica Fase 1.
Também presente na conferência, o diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e presidente do Centro Académico de Medicina de Lisboa, Fausto Pinto, afirmou que um dos problemas principais em Portugal e no mundo é o acesso à inovação terapêutica e tecnológica.
“Infelizmente neste capítulo Portugal continua a mostrar atrasos muito significativos de acesso à inovação em comparação com outros países da União Europeia”, salientou.
Citando os dados do Relatório da Primavera 2019 do Observatório dos Sistemas de Saúde, o especialista exemplificou que o tempo para acesso à inovação terapêutica em Portugal era cinco vezes mais longo do que na Alemanha, por exemplo, o país com melhor resultado a nível europeu.
“Enquanto a Alemanha tem em média uma espera de 119 dias entre a autorização de introdução no mercado de medicamentos inovadores e o acesso pelos doentes alemães, em Portugal o doente português espera 634 dias, o que equivale quase a dois anos”, elucidou.
Mesmo comparando com Espanha, que é considerado “um mercado comparável e próximo”, Portugal apresenta um desempenho 1,6 vezes pior, com a demora média espanhola a situar-se abaixo dos 400 dias.
Para Fausto Pinto, “é imperativo” que os portugueses tenham de “forma equitativa” acesso à inovação terapêutica e tecnológica de qualidade em tempo útil e em função das suas necessidades específicas.
“As autoridades regulamentares deverão cumprir escrupulosamente os prazos definidos na lei para se pronunciarem pela admissão ou introdução no mercado dos medicamentos e outras tecnologias que acrescentem valor comprovadamente efetivo”, defendeu Fausto Pinto.
LUSA/HN
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