INSA está a estudar cenários de prevalência da variante Ómicron

15 de Dezembro 2021

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) indicou na terça-feira que até ao final da semana apresentará o cenário expectável sobre a prevalência da variante Ómicron em Portugal, que é atualmente de cerca de 10%.

“Os dados em Portugal são muito precoces e estamos nestes dias a fazer precisamente simulações para fazer uma projeção sobre o cenário que é expectável que aconteça nos próximos dias e semanas. Espero dentro de dois ou três dias poder dizer exatamente aquilo que esperamos ter, não só nos próximos dias, como nas próximas semanas, em termos da prevalência real da (variante)Ómicron no nosso país”, disse à agência Lusa o investigador do INSA João Paulo Gomes.

O investigador avançou que a variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2 está a circular na comunidade.

João Paulo Gomes explicou que os 69 casos confirmados da variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2 registados até à data em Portugal são aqueles que foram confirmados no âmbito de suspeitas indicadas pelas autoridades de saúde e normalmente estão associados a historial de viagens ou contactos com pessoas já diagnosticadas.

O investigador revelou que, paralelamente, o INSA está a fazer uma monitorização a nível nacional e que “nada tem a ver com a pesquisa de casos suspeitos”.

“Essa monitorização está a mostrar um cenário completamente diferente. Já não estamos a falar nas dezenas de casos, podemos falar sim em termos da prevalência da Ómicron em Portugal que suspeitamos que nos últimos dias tenha atingido já 9% a 10%”, precisou o coordenador do estudo da diversidade genética do SARS-CoV-2.

Segundo o investigador, o INSA está a fazer dois tipos de monitorização baseada nas amostras dos laboratórios, permitindo uma dessas metodologias monitorizar em tempo real a nova variante e verificar o crescimento proporcional no país.

“Há uma semana atrás não tínhamos este cenário. Desde quinta-feira passada verificamos um aumento da prevalência desta variante. Os números continuaram a crescer, no fim de semana e até ao dia de ontem [segunda-feira] ela já representará 9 a 10% dos casos de covid-19 em Portugal”, frisou.

Segundo o investigador, a variante Ómicron demorou algum tempo a instalar-se em Portugal, ao contrário de outras variantes, como a Alfa, que entrou no Natal do ano passado no país através de voos do Reino Unido e de emigrantes portugueses.

“Com a Ómicron isso não aconteceu. A importação foi essencialmente devido a voos da África Austral, onde atualmente não temos o histórico que temos com o Reino Unido, portanto houve um reduzido número de introduções, e isso foi um elemento retardador quando comparamos com outras variantes. No entanto, dada a sua maior transmissibilidade, isso fez que se estabelecessem algumas cadeias de transmissão e é isso que estamos a ver com o sistema de monitorização a tempo real”, referiu.

João Paulo Gomes disse também que, caso se passe em Portugal aquilo que se espera que aconteça no Reino Unido e Dinamarca, a Ómicron “em poucas semanas vai sobrepor-se à Delta e vai passar a ser variante dominante”.

Questionado sobre a taxa de crescimento desta variante, o investigador afirmou que o INSA está agora a fazer essas estimativas, mas os dados que surgem de países com prevalências superiores, como Reino Unido e Dinamarca, indicam que existe uma taxa de duplicação de casos Ómicron, ou seja, a cada dois dias a prevalência pode duplicar.

O mesmo responsável sublinhou também que os dados sobre a eficácia das vacinas “são muito precoces”, existindo poucos estudos, que ainda não foram validados cientificamente.

Esses estudos indicam que esta variante torna “um pouco menos eficazes as vacinas”, mas nas pessoas com a terceira dose ou com vacinação completa e infeção prévia de Covid-19 “a taxa de eficácia vacinal manter-se-á bastante boa”.

Esta nova variante, classificada como “preocupante” pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, em 24 de novembro, foram notificadas infeções em mais de 60 países de todos os continentes.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Estudo revela impacto das diferenças de género na doença de Parkinson

Um estudo recente evidencia que as mulheres com Parkinson enfrentam subdiagnóstico e dificuldades no acesso a cuidados especializados. Diferenças hormonais, estigma e expectativas de género agravam a progressão da doença e comprometem a qualidade de vida destas pacientes.

ESEnfC acolhe estudantes europeus em programa inovador de decisão clínica

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) recebeu 40 estudantes e oito docentes de Espanha, Finlândia, Itália e Portugal para um programa intensivo sobre competências clínicas e tomada de decisão. O evento combinou atividades online e presenciais, promovendo inovação pedagógica

VéloPsiq: bicicletas no combate ao sedentarismo psiquiátrico

O Hospital de Cascais lançou o Projeto VéloPsiq, uma iniciativa pioneira que utiliza bicicletas ao ar livre para melhorar a saúde física e mental de pacientes psiquiátricos. Com apoio da Câmara Municipal e da Cascais Próxima, o projeto promove reabilitação cardiovascular e bem-estar.

Johnson & Johnson lança série de videocasts sobre cancro da próstata

A Johnson & Johnson Innovative Medicine Portugal lançou a série “Check Up dos Factos – À Conversa Sobre Cancro da Próstata”, um conjunto de quatro vídeocasts que reúne oncologistas e urologistas para discutir temas-chave como NHTs, terapias combinadas e estudos de vida real no CPmHS.

Ronaldo Sousa: “a metáfora da invasão biológica é uma arma contra os migrantes”

Em entrevista exclusiva ao Health News, o Professor Ronaldo Sousa, especialista em invasões biológicas da Universidade do Minho, alerta para os riscos de comparar migrações humanas com invasões biológicas. Ele destaca como essa retórica pode reforçar narrativas xenófobas e distorcer a perceção pública sobre migrantes, enfatizando a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para políticas migratórias mais éticas

OMS alcança acordo de princípio sobre tratado pandémico

Os delegados dos Estados membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) chegaram este sábado, em Genebra, a um acordo de princípio sobre um texto destinado a reforçar a preparação e a resposta global a futuras pandemias.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights