O jornal britânico “The Guardian” publica na primeira página uma fotografia de maio de 2020 na qual o chefe do Governo é visto sentado com a esposa e duas outras pessoas ao redor de uma mesa onde há copos e uma garrafa de vinho, além de uma tábua de queijos.
Na mesma foto também é possível ver outra mesa com outros quatro funcionários do executivo e, à distância, mais pessoas conversando com bebidas na mão.
A imagem, refere o jornal, levanta dúvidas sobre se o ajuntamento de 19 pessoas pode ser considerado um evento social, tendo em conta que estava a ser consumido álcool no terraço e no relvado sem distanciamento social.
Na época estavam em vigor medidas rigorosas de contenção da pandemia de covid-19 que limitavam os encontros sociais entre agregados familiares diferentes a duas pessoas, ao ar livre e a uma distância de pelo menos 2 metros.
Nos locais de trabalho, as regras eram que as reuniões presenciais só deveriam realizar-se se fossem “absolutamente necessárias”.
Um porta-voz explicou ao “The Guardian” que aquela era uma “reunião de trabalho” após uma conferência de imprensa, mas a “número dois” do Partido Trabalhista, Angela Rayner, considera que a fotografia deixa claro que o primeiro-ministro “mostra consistentemente que não tem consideração pelas regras que se aplicam ao resto” das pessoas.
Mas o vice-primeiro-ministro e ministro da Justiça, Dominic Raab, argumentou hoje de manhã, em declarações à estação pública britânica BBC, que aquele “é um local de trabalho” e que as pessoas “tomaram uma bebida depois de um dia e período cansativo, e isso estava de acordo com as regras”.
“Esta não era uma ocasião social. Eram pessoas a tomar uma bebida depois de uma série de reuniões de trabalho”, insistiu.
Esta é mais uma notícia sobre alegadas festas no interior de Downing Street, em outros ministérios e na sede do Partido Conservador durante os confinamentos rigorosos de 2020 para travar a pandemia de Covid-19.
As alegações levaram ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a ordenar um inquérito interno ao chefe dos serviços civis, Simon Case, mas este demitiu-se poucos dias depois porque o seu nome foi associado a um dos alegados eventos.
A controvérsia com estas festas soma-se ao escândalo da tentativa do Governo em novembro em alterar as regras parlamentares para evitar que o ex-deputado Owen Paterson fosse punido por ter tentado influenciar (‘lobbying’) ministros indevidamente a favor de empresas para as quais trabalhava.
Johnson também é suspeito de ter prestado informações falsas sobre a origem do financiamento para as obras de remodelação na residência oficial, pagas inicialmente por um milionário militante do Partido Conservador.
O líder conservador está ainda sob pressão dos seus próprios deputados, depois de 100 parlamentares deles terem desafiado a autoridade do Governo e votado contra a introdução de passes sanitários para entrar em grandes eventos em Inglaterra, aprovados com a ajuda do Partido Trabalhista, da oposição.
Dois dias depois, os conservadores perderam a eleição parlamentar parcial em North Shrophsire, desencadeada pela demissão de Paterson, a favor dos Liberais Democratas.
Os ‘tories’ (conservadores) dominavam há 200 anos a região de North Shropshire.
LUSA/HN
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