O chefe de Estado cabo-verdiano, que foi eleito em 17 de outubro e tomou posse em 09 de novembro, começou por sublinhar o ano “extremamente difícil”, por causa da pandemia da Covid-19 e seus “efeitos devastadores”.
“A pandemia teve um forte impacto em Cabo Verde, com efeitos desestruturantes na economia, mas na sociedade no seu todo também”, notou, acrescentando que apesar disso o país resistiu, graças também ao apoio da sua diáspora e da comunidade internacional.
Sobre as empresas, José Maria Neves lembrou que foram intensamente atingidas e considerou que precisam de “medidas concretas” de apoio à recuperação, tal como o tecido social, que considerou exigir mais investimentos em domínios como a saúde, habitação e emprego.
O Presidente cabo-verdiano congratulou-se com “extraordinário trabalho” do Governo na vacinação contra a Covid-19, agradeceu o apoio da comunidade internacional e elogiou o Sistema Nacional de Saúde (SNS).
“Temos de manter os esforços nesta frente, vacinando mais e mais, convencendo a vacinar-se os que ainda resistem, mas igualmente mantendo firmes as regras de segurança sanitária”, apelou.
“Temos de proteger-nos uns aos outros. Temos de cuidar dos mais idosos, dos mais vulneráveis. A batalha contra a pandemia ainda não está ganha, pelo que não devemos baixar os braços. É importante que cada um faça a sua parte”, prosseguiu o Presidente.
Depois de uma situação estável desde meados de outubro, com praticamente menos de 20 casos todos os dias, há pouco mais de uma semana que o país tem registado números elevados de casos de Covid-19, com os recordes dos últimos dois dias, com 791 na quinta e 602 na quarta-feira.
O agravar da situação pandémica levou o Governo a voltar a declarar a situação de contingência, com aperto de várias regras, exigindo teste negativo no acesso aos restaurantes, proibindo festas de passagem de ano nas ruas, regresso ao uso obrigatório de máscaras na rua.
Desde o início da pandemia, Cabo Verde já registou um total de 40.738 casos positivos acumulados de infeção pelo novo coronavírus, dos quais 38.232 considerados recuperados, há 2.129 ativos e 351 óbitos, com a última morte a acontecer em 02 de dezembro.
A nível internacional, o chefe de Estado cabo-verdiano chamou atenção para a “vergonha” que constitui o facto de muitos países ainda estarem numa fase “muito atrasada” da vacinação e criticou a “grande mancha” que é a “flagrante desigualdade” no acesso às vacinas.
Na sua primeira mensagem de Ano Novo enquanto Presidente da República dirigida ao país, José Maria Neves voltou a chamar a atenção para as “marcas chocantes” de violência baseada no género e da violência contra menores, reafirmando que se trata de uma “vergonha nacional”.
“É chegada a hora de dizer basta! Um basta! do lado da sociedade e igualmente do lado dos poderes públicos”, vincou, exigindo igualmente uma cultura do trabalho, da produtividade e da poupança à sociedade cabo-verdiana.
Ainda assim, destacou alguns “momentos muitos bons” no ano que agora termina, como o facto de o país ter realizado duas eleições em ambiente de pandemia, primeiro as legislativas e depois as presidenciais, em que foi eleito logo à primeira volta.
“Ambos os pleitos eleitorais decorreram da melhor forma e permitiram aos eleitores cabo-verdianos exercer o seu direito de escolha democrática, dando uma vez mais provas de maturidade e elevado sentido do interesse comum. Não tenho dúvidas em como a Democracia é já um costume em Cabo Verde”, sublinhou.
O Presidente previu que 2022 vai ser um ano difícil, mas desafiou a todos os cabo-verdianos a encará-lo com “espírito positivo, destemido e ganhador”. “Podemos e sempre vamos longe, muito longe quando somos um só. Um único Cabo Verde”.
LUSA/HN
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