“Considerá-lo estável é demais”, sublinharam os médicos do departamento de Cardiologia do Hospital de São Paulo, em Bizert (norte), sobre Bhiri, que tem recusado, desde que foi detido, alimentar-se e ser assistido medicamente.
O antigo ministro da Justiça tunisino, 63 anos, sofre de diabetes e de hipertensão e está agora com problemas nos rins devido ao estado de desidratação, acrescentaram as fontes.
“A família falou com Bhiri e ele concordou em receber uma injeção intravenosa para hidratá-lo e curá-lo, na esperança de que, depois, concorde em comer”, indicaram as fontes médicas.
Ontem de manhã, o Comité de Defesa de Bhiri, através do advogado e deputado Samir Dilou, alertou que o “homem forte” do Ennahdha estava “entre a vida e a morte”,
Bhiri foi detido sexta-feira passada por agentes civis e levado então para um local secreto, com o Ennahdha a considerar tratar-se de um “sequestro”.
“Os autores do rapto devem assumir as suas responsabilidades”, acrescentou Dilou, numa alusão ao Presidente tunisino, Kais Saied, e ao ministro do Interior, Taoufik Charfeddine, que ordenou a detenção.
Domingo, o Ennahdha indicou que o ex-ministro estava “em estado crítico”, o que foi negado por várias fontes da Autoridade de Prevenção da Tortura (INPT, independente) e pelo Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, que o visitaram precisamente nessa noite.
O Ennahdha está no centro de um impasse com Saied desde que, a 25 de julho de 2021, o Presidente tunisino decidiu suspender o Parlamento que o partido de inspiração islâmica controlou nos últimos 10 anos.
As decisões de Saied foram descritas como um “golpe de Estado” pelo Ennahdha e por vários outros partidos da oposição, ao mesmo tempo que organizações não-governamentais nacionais e internacionais manifestaram o receio de uma nova tendência autoritária.
Abderrazk Kilani, outro membro do Comité de Defesa, também descreveu como “completamente falsas” as acusações feitas segunda-feira na imprensa pelo ministro do Interior tunisino, que assegurou que a prisão de Bhiri estava ligada a “suspeitas de terrorismo”.
Após declarar o estado de exceção em 25 de julho, que incluiu também a demissão do primeiro-ministro Hichem Mechichi, o Presidente tunisino suspendeu a quase totalidade da Constituição de 2014 e muniu-se de plenos poderes para “recuperar a paz social”.
Saied e outros responsáveis políticos tunisinos alegam que as medidas constituem uma “retificação” à revolução de 2011, que pôs termo a duas décadas do regime ditatorial de Zin el-Abidine Ben Ali.
LUSA/HN
0 Comments