Rigidez arterial na adolescência está ligada ao aumento do risco de HTA e obesidade na idade adulta

7 de Janeiro 2022

Traços ateroscleróticos referidos como “rigidez arterial” parecem ser fatores independentes de pressão arterial elevada e hipertensão entre adolescentes e adultos jovens.

Globalmente, a hipertensão e a obesidade são os principais fatores de risco evitáveis para as doenças cardiovasculares ateroscleróticas e morte. No entanto, os esforços para diminuir a sua incidência e prevalência têm oferecido resultados pouco animadores. Por esse motivo, compreender o desenvolvimento natural e a patogénese da hipertensão e da obesidade é importante para diminuir o risco. 

Investigadores da Universidade da Finlândia Oriental, da Universidade de Exeter e da Universidade de Bristol, realizaram um estudo em que utilizaram dados de um dos mais extensos estudos de coorte de nascimentos em andamento no mundo – o Avon Longitudinal Study of Parents and Children (ALSPAC).

No estudo recém-publicado, os investigadores foram verificar se traços ateroscleróticos, tais como a rigidez arterial, precedem temporalmente o desenvolvimento da hipertensão e da obesidade. 

Mais de 3.800 adolescentes, com 17 anos, foram acompanhados durante sete anos. Os investigadores utilizaram várias abordagens estatísticas para detetar potenciais associações causais.

Os cientistas descobriram que maior rigidez arterial durante a adolescência aumenta o risco de hipertensão sistólica em 20% e duplica a hipertensão diastólica, sete anos depois. 

Os participantes foram categorizados em quatro grupos de acordo com seu nível de rigidez arterial. Os adolescentes cujos níveis de rigidez arterial se enquadravam no nível mais alto, tanto aos 17 anos de idade como aos 24 anos de idade, apresentaram um aumento da pressão arterial sistólica de 4 mmHg, e a sua pressão arterial diastólica aumentou 3 mmHg durante este período de sete anos de observação.

Note-se que também foram observados aumentos ligeiros na pressão arterial sistólica e diastólica em adolescentes com rigidez arterial levemente aumentada, mas dentro dos limites normais. Com efeito, a mudança nos valores da pressão arterial no grupo “leve” foi metade da mudança ocorrida no grupo “alto”. Estes resultados foram semelhantes em ambos os sexos, apesar de se controlarem fatores de risco importantes como o tabagismo, atividade física, perfil lipídico e glicose, gordura corporal, frequência cardíaca, história familiar de doenças cardiovasculares, etc.

Estudos anteriores concentraram-se no efeito adverso da obesidade no coração e nos vasos sanguíneos. No entanto, o presente estudo constatou que a maior rigidez arterial aos 17 anos aumentou o risco de obesidade abdominal e obesidade corporal total em 20% aos 24 anos. Os resultados mostram uma possível relação entre rigidez arterial e obesidade, embora as evidências sejam mais fortes no sentido contrário.

Uma recente declaração científica da American Heart Association assinala que “a modificação do estilo de vida, incluindo dieta, redução do sedentarismo e aumento da atividade física, é geralmente recomendada para pacientes com obesidade; no entanto, o sucesso a longo prazo destas estratégias para reduzir a adiposidade, manter a perda de peso e reduzir a pressão arterial, tem sido limitado”. Também foi estabelecido que um aumento de 5 mmHg na pressão arterial ao longo de cinco anos aumenta o risco de morte na população adulta em 16%.

“Os resultados do nosso estudo são clinicamente significativos”, referiu Andrew Agbaje, médico e epidemiologista clínico da Universidade da Finlândia Oriental. “Nesta futura estratégia de prevenção e tratamento da obesidade, podemos agora considerar a redução da rigidez arterial, especialmente na adolescência”.

NR/HN/Adelaide Oliveira

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