Partículas nocivas provocaram mais de 1,8 milhões de mortes nas cidades em 2019

11 de Janeiro 2022

Partículas nocivas, às quais estão expostas 86% das pessoas que vivem em áreas urbanas, provocaram mais de 1,8 milhões de mortes nas cidades em 2019, segundo um estudo divulgado pela revista científica britânica “The Lancet Planetary Health”.

Estima-se que cerca de 2,5 mil milhões de pessoas em todo o mundo encontram-se expostas ao impacto das partículas finas PM2.5 (com um diâmetro inferior a 2,5 micrómetros), de acordo com o modelo de estudo dirigido pela professora Veronica Southerland da Universidade George Washington, nos Estados Unidos.

A inalação dessas partículas aumenta o risco de morte prematura por doenças cardiovasculares e respiratórias, cancro do pulmão e infeção das vias respiratórias.

O estudo, que examinou a concentração de PM2.5 e tendências de mortalidade associadas em 13.000 cidades entre 2000 e 2019, descobriu que o número de partículas finas era sete vezes maior do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e que 61 em cada 100.000 mortes em áreas urbanas, em 2019, ocorreram devido a essa poluição.

Embora a concentração de PM2.5 tenha permanecido estável a nível global entre 2000 e 2019, foram detetadas grandes variações entre regiões: cidades no sudeste da Ásia (incluindo a Índia) detetaram os maiores aumentos, com uma média de 27%.

Nos locais onde o maior número de partículas finas diminuiu (cidades africanas, europeias e americanas) o número de mortes por PM2.5 não caiu na mesma taxa, o que na opinião dos investigadores se explica por outros fatores demográficos, como o envelhecimento da população.

“A maior parte da população urbana mundial vive em áreas com níveis prejudiciais de PM2.5. Evitar o fardo para a saúde causado pela poluição do ar vai exigir estratégias que não apenas reduzam as emissões, mas também melhorem a saúde geral para diminuir a vulnerabilidade”, disse Veronica Southerland.

Outro estudo, publicado na mesma revista, revelou que quase dois milhos de casos de asma infantil são provocados pelo dióxido de nitrogénio (NO2), e dois em cada três afetados residem em cidades.

O poluente, emitido principalmente por veículos, centrais termoelétricas, fábricas e agricultura, foi responsável por 1,85 milhões de novos casos de asma pediátrica em 2019, 8,5% dos diagnosticados à escala global.

Nas cidades, o NO2 foi responsável por quase um em cada seis novos doentes com asma na infância, de acordo com o estudo coliderado por Susan Anenberg, também da Universidade George Washington.

LUSA/HN

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