Na actual onda (gigante) pandémica, praticamente com o dobro de novos casos da 3ª vaga (dez 20/jan 21), adoeceram com COVID-19, até agora, quase um em cada cinco portugueses. A que número real corresponderá o número “oficial de casos”?
Julga-se que, pelo menos, não se andará muito longe de uma incidência real de um em cada três portugueses (ou residentes) e com uma mortalidade que atinge mais de quatro em cada cinco cidadãos com mais de 80 anos. Compreende-se, por isso, a descida da idade da reforma para 2023 com tal impacto (negativo) na esperança de vida.
Hoje, 10 de janeiro de 2022, estamos com uma taxa de incidência superior a 3.200 casos por 100.000 o que, para se entender um pouco essa magnitude, bastará recordar que a incidência é considerada elevada acima de 480 casos (cerca de sete vezes mais)…
Apesar disso o índice de transmissibilidade parece estar a ceder (está agora em 1,24) o que pode indiciar que estamos na “crista desta onda” ou a iniciar o planalto de descida.
Aparentemente, a partícula viral faz o seu caminho para se tornar um vírus endémico sazonal e os media inundam-nos com parcos especialistas e uma pletora de (pseudo)especialistas, mais ou menos doutos em diversas áreas desconexas da Saúde Pública e da Epidemiologia, perorando, quais músicos que tocam de ouvido, sem qualquer conhecimento das claves, sobre diversos aspectos técnico-científicos dessas áreas científicas. A última “melodia” é que estamos na endemia o que, se esses despautérios fossem taxados com IVA, teríamos, por certo, uma franca descida da dívida pública com a magnitude da receita fiscal “encaixada”.
No entanto, em boa verdade, nada sabemos sobre o tempo que tal trajecto demorará e é bem provável que ainda tenhamos vida velha neste novo ano pelo menos até ao verão como já antes foi por nós referido em outros destes textos.
Convém repetir, até à exaustão, que as estratégias de acção de controlo pandémico não devem esmorecer o esforço da vacinação, já que se trata de um verdadeiro equipamento de protecção individual (EPI), ainda que biológico, bem mais eficaz do que as máscaras ou os respiradores que, todavia, devem ser mantidos complementarmente a tal imunoterapia.
É que a imunoterapia específica é bem mais eficaz para a doença grave do que para a doença ou a infecção em termos genéricos e, por isso, não a previne tão eficientemente e, consequentemente, a partícula viral continua, ainda que com menor intensidade, com circulação comunitária. Essa característica, associada à transmissibilidade pré-sintomática, determina em muito a actual expressão pandémica.
O distanciamento físico (também apelidado social) também deve ser mantido complementarmente aos EPI (físico e “biológico”) referidos, sendo importante realçar que os vírus não parecem ligar muito a qualquer obrigação social e, tudo leva a crer, que estão mais interessados em arranjar hospedeiros para se replicar. Até quando se hospedam em eleitores!
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