OMS considera necessário vacinas que previnam melhor infeção e transmissão

12 de Janeiro 2022

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera num relatório divulgado na terça-feira a necessidade de vacinas que previnam melhor a infeção e a transmissão do coronavírus que causa a Covid-19, quando circula a variante Ómicron, mais contagiosa.

Os especialistas da OMS que supervisionam as vacinas contra a Covid-19 entendem que “são necessárias e devem ser desenvolvidas” vacinas “com alto impacto em termos de transmissão e prevenção da infeção”, além de “prevenirem formas graves de doença e a morte”.

Para os peritos, “uma estratégia de vacinação baseada em reforços repetidos” da vacinação primária “tem poucas hipóteses de ser apropriada ou viável”.

As vacinas contra a Covid-19 em circulação têm-se revelado eficazes na prevenção da doença grave e morte, mas não evitam a infeção e a transmissão do vírus SARS-CoV-2 nas suas variantes.

Na sua apreciação, o grupo de especialistas da OMS defende que as vacinas contra a Covid-19 devem basear-se em estirpes próximas das estirpes de preocupação do novo coronavírus em circulação e que, além de protegerem contra a doença grave e morte, devem “ser mais eficazes na proteção contra infeções, reduzindo assim a transmissão comunitária e a necessidade de medidas sociais e de saúde pública rigorosas e de amplo alcance”.

Além disso, as vacinas devem provocar “respostas imunes amplas, fortes e duradouras para reduzir a necessidade de sucessivas doses de reforço”.

Segundo os especialistas, até que haja vacinas que previnam melhor a infeção e a transmissão do vírus, “pode ser necessário atualizar a composição das vacinas atuais para que possam continuar a dar níveis de proteção recomendados pela OMS contra a infeção e a doença” causadas por novas variantes, incluindo a Ómicron.

A OMS reitera no relatório que esta variante não será a última variante de preocupação.

Na semana passada, a agência da ONU avisou que a Ómicron não seria a última variante do SARS-CoV-2 de preocupação, uma vez que subsistem “ainda muitas oportunidades para o vírus se espalhar e gerar novas variantes”, além de que “as variantes estão a competir e a evoluir”.

Os peritos reiteram o apelo para um maior acesso das populações às vacinas da Covid-19, sobretudo as dos países mais pobres, em especial de África, onde continuam maioritariamente desprotegidas, não só para reduzir a doença grave, mas também para travar a possibilidade de aparecimento de novas estirpes.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, tem insistentemente dito que o fim da pandemia da Covid-19 depende da igualdade no acesso às vacinas, e não da administração de reforços de doses.

A OMS criou um grupo consultivo formado por 18 especialistas que avaliam as implicações para a saúde pública das variantes de preocupação do SARS-CoV-2 no desempenho das vacinas da Covid-19 e fornecem recomendações sobre a composição das vacinas.

No relatório ontem divulgado, os especialistas referem, citando dados preliminares, que a eficácia das vacinas “será reduzida contra a doença sintomática causada pela variante Ómicron”, mas “é mais provável que a proteção contra a doença grave seja preservada”.

“No entanto, são necessários mais dados sobre a eficácia das vacinas, particularmente contra a hospitalização, doença grave e morte”, ressalvam.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Brasil aprova vacina em dose única contra a chikungunya

As autoridades sanitárias brasileiras aprovaram hoje o registo de uma vacina em dose única contra a chikungunya, um fármaco desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica franco-austríaca Valneva.

Promessas por cumprir: continua a falta serviços de reumatologia no SNS

“É urgente que sejam cumpridas as promessas já feitas de criar Serviços de Reumatologia em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde” e “concretizar a implementação da Rede de Reumatologia no seu todo”. O alerta foi dado pela presidente da Associação Nacional de Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) Arsisete Saraiva, na sessão de abertura das XXV Jornadas Científicas da ANDAR que decorreram recentemente em Lisboa.

Consignação do IRS a favor da LPCC tem impacto significativo na luta contra o cancro

A Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) está a reforçar o apelo à consignação de 1% do IRS, através da campanha “A brincar, a brincar, pode ajudar a sério”, protagonizada pelo humorista e embaixador da instituição, Ricardo Araújo Pereira. Em 2024, o valor total consignado pelos contribuintes teve um impacto significativo no apoio prestado a doentes oncológicos e na luta contra o cancro em diversas áreas, representando cerca de 20% do orçamento da LPCC.

IQVIA e EMA unem forças para combater escassez de medicamentos na Europa

A IQVIA, um dos principais fornecedores globais de serviços de investigação clínica e inteligência em saúde, anunciou a assinatura de um contrato com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para fornecer acesso às suas bases de dados proprietárias de consumo de medicamentos. 

SMZS assina acordo com SCML que prevê aumentos de 7,5%

O Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) assinou um acordo de empresa com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que aplica um aumento salarial de 7,5% para os médicos e aprofunda a equiparação com a carreira médica no SNS.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights