Numa intervenção, por videoconferência a partir de Lisboa, na abertura da primeira Conferência Anual da Política Externa (CAPE), realizada por Cabo Verde, através de um ato presencial na cidade da Praia, o antigo primeiro-ministro de Portugal sublinhou que a União Europeia tem vindo a afirmar progressivamente aquilo que é conhecido como autonomia estratégica.
“Quando vemos potências mais assertivas, mais agressivas ou mais imprevisíveis, os europeus têm tido a tendência para entenderem que têm que defender os seus interesses de forma mais política e não apenas técnica”, constatou, dizendo que isso está agora na agenda da atual presidência da União Europeia, que é exercida pela França.
“E penso que a União Europeia pode aí ter um papel mais construtivo. A União Europeia tem, de facto, quando os países que a compõem estão unidos, um papel e um peso maiores do que aquilo que normalmente se reconhece”, salientou o atual presidente da Aliança Global para as Vacinas (GAVI), para quem a UE continua a ser um bloco económico global de grande influência.
O mesmo responsável recordou que quando foi da crise financeira, apesar dos apelos para que houvesse uma mutualização da dívida, isso não foi possível, mas perante a emergência da pandemia da Covid-19, disse que essa questão voltou a ser aceite pelos Governos, com levantando de mais de 750 mil milhões de euros no mercado global para fazer face à pandemia.
“Eu penso que isso é um aspeto positivo”, avaliou Durão Barroso, que elogiou a “excelência” da diplomacia cabo-verdiana, dizendo que tem “gente muito preparara, com grande interesse de sentido nacional, que mostra flexibilidade e inteligência”.
“Cabo Verde é um país que tem ganho respeito, precisamente pela sabedoria, pela prudência, pelo bom senso, pelo sentido de equilíbrio que tem dado à sua intervenção externa”, completou, dizendo que o país tem consolidando a sua opção por uma abertura.
O Governo cabo-verdiano instituiu a Conferência Anual da Política Externa (CAPE) para discutir questões pertinentes à política externa e à diplomacia do país.
A conferência inaugural, que acontece em formato híbrido (presencial e virtual), teve a abertura do Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, enquanto o encerramento esta terça-feira caberá ao primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.
Os “Desafios da diplomacia cabo-verdiana face à pandemia de covid-19” é o tema do evento, que teve ainda como orador convidado Courtenay Ratray, subsecretário-geral da ONU e Alto Representante para os Países Menos Avançados, Encravados e Pequenos Estados insulares em Desenvolvimento.
A conferência vai contar ainda com intervenções de diplomatas, políticos, o presidente da Plataforma das Organizações não-governamentais (ONG) e investigadores do país e da diáspora.
LUSA/HN
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