Açores têm 5,1 psiquiatras por 100 mil habitantes, menos de metade da média nacional

28 de Janeiro 2022

Os Açores têm um rácio de 5,1 psiquiatras por 100 mil habitantes, menos de metade da média nacional, alertou hoje o coordenador da estrutura para a saúde mental da região, Henrique Prata Ribeiro.

“O rácio de psiquiatras na Região Autónoma dos Açores é de 5,1 para 100 mil. Há uns anos, no continente, já era de 13 para 100 mil. E quando olhamos para a OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico], para os nossos países vizinhos, falamos de uma média de 17 por 100 mil”, adiantou o psiquiatra Henrique Prata Ribeiro.

O coordenador da Estrutura para a Saúde Mental da Região Autónoma dos Açores falava, em Angra do Heroísmo, na apresentação do Programa Regional para a Saúde Mental dos Açores, hoje colocado em consulta pública.

Os Açores não cumprem as recomendações da Organização Mundial de Saúde, que defende um número mínimo de 10 psiquiatras por 100 mil habitantes.

“O rácio que encontramos na Região Autónoma dos Açores está num nível um bocadinho acima do que encontramos na Mongólia e na Costa Rica e um bocadinho abaixo daquilo que encontramos na Coreia [do Sul] e o país mais próximos que encontramos na União Europeia será a Bulgária que está acima no rácio de psiquiatras”, salientou o responsável.

Uma das recomendações da estrutura é a criação de condições para a fixação de médicos psiquiatras e outros profissionais ligados à saúde mental nos Açores.

“É necessário conseguir fixar profissionais. Dei o exemplo dos psiquiatras, mas falamos também de enfermeiros especialistas em saúde mental, técnicos de saúde ocupacional e psicomotricistas”, salientou Henrique Prata Ribeiro.

Para o psiquiatra, a insularidade afasta os médicos, mas também o baixo rácio da região impede que se especializem em determinadas áreas dentro da psiquiatria.

Henrique Prata Ribeiro sugere, por isso, que o executivo açoriano esteja aberto a “opções mais flexíveis de contratação” de psiquiatras, permitindo, por exemplo, “horários reduzidos ou alternados”.

Desta forma, poderiam ser criados protocolos com hospitais no continente, para que os médicos que assim o desejassem pudessem trabalhar “duas semanas num lado e duas semanas no outro”.

Outra das sugestões é uma articulação do Serviço Regional de Saúde com o novo hospital privado da ilha de São Miguel, em que o psiquiatra possa complementar um horário mais reduzido no público com consultas especializadas no privado.

“O que é mais importante é que se esteja aberto a alargar as possibilidades da contratação destes profissionais, porque temos de os atrair de alguma maneira”, alertou.

O secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, salientou que o Governo Regional “já abriu concurso para mais três psiquiatras”, estando ” em fase de contratação de 20 psicólogos”.

O governante realçou a criação de um regime de incentivos à fixação de médicos na região, reconhecendo que a psiquiatria é “uma área especialmente carenciada” no Serviço Regional de Saúde.

“Todos esses incentivos esperemos que também eles sejam uma mola para impulsionar a vinda de mais profissionais de saúde, de mais médicos”, apontou.

Clélio Meneses realçou, por outro lado, o “papel fundamental” do enfermeiro na saúde mental, garantindo que “também vai ser criado um regime de incentivo à fixação de enfermeiros”.

Para o secretário regional da Saúde, o programa para a saúde mental, implementado até 2023, poderá ser também “motivador” para os profissionais que se queiram fixar na região.

“Parece-me que é muito relevante para atrair profissionais desta área perceberem que há uma aposta dirigida para a saúde mental, que há um programa robusto, que tem uma perspetiva de intervenção impactante na saúde mental dos açorianos”, frisou.

LUSA/HN

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