No ano passado, a taxa de natalidade sofreu apenas uma ligeira queda, pelo que a perda de 1,04 milhões de habitantes se deve principalmente ao aumento da mortalidade, com a covid-19 a surgir como a principal causa.
Segundo a autoridade estatística russa, Rosstat, em 2020 e 2021 mais de 660.000 pessoas morreram na Rússia, devido à covid-19, quase o dobro do número oficial comunicado diariamente pelo Governo, que é de 329.443 até o momento.
Estes valores explicam-se pela lentidão na campanha de vacinação daquele país do Leste, bem como pela quase ausência de medidas de contenção e um incumprimento geral das medidas sanitárias, como o uso de máscara nos transportes públicos, apontou a AFP.
A Rússia luta há 30 anos contra uma crise demográfica, no entanto, na geração atual em idade fértil, nascida durante a crise económica e social após o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a taxa de fecundidade ronda os 1,5 filhos por mulher, longe dos 2,1 necessários para uma renovação geracional.
Desde que chegou ao poder, há 21 anos, o Presidente Vladimir Putin tem insistido que a recuperação demográfica é uma prioridade.
Para tal, têm sido inúmeras as iniciativas levadas a cabo para encorajar os russos a ter mais filhos, como os aumentos regulares aos subsídios de natalidade e abonos de família.
Porém, para o especialista do Instituto de Demografia Sergei Zakharov, aquelas políticas não tiveram como efeito o aumento da natalidade, mas apenas convenceram quem já queria ter filhos a tê-los mais cedo.
“A crise demográfica é um fracasso da política estatal”, argumentou o especialista.
Sergei Zakharov defendeu que o problema demográfico foi agravado pela “pandemia que veio trazer à tona os défices do sistema de saúde”, que padece de “falta de meios”, o que, por sua vez, faz aumentar a mortalidade.
Para o especialista, a Rússia não pode sair do “abismo demográfico” sem um estímulo à imigração, ainda a chegada de migrantes não eslavos ao país seja muito impopular.
“A indústria, os mercados, os negócios vão exigir mão de obra e vão buscá-la, quer o Estado queira, ou não”, sublinhou.
NR/HN/LUSA
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