INSA alarga estudo para o rastreio neonatal da drepanocitose a todo o país

5 de Fevereiro 2022

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) alargou a todo o país o estudo-piloto para a inclusão da drepanocitose no painel de doenças rastreadas no âmbito do Programa Nacional de Rastreio Neonatal (PNRN).

O estudo-piloto estava concentrado nos distritos de Lisboa e Setúbal, regiões selecionadas pela maior incidência da drepanocitose (anemia de células falciformes), disse esta sexta-feira à agência Lusa Laura Vilarinho, coordenadora da Unidade de Rastreio Neonatal, Metabolismo e Genética, do Departamento de Genética Humana do INSA.

A investigadora explicou que “o acolhimento de um número crescente de imigrantes de países com elevada frequência desta patologia fez com que o número de doentes com esta patologia aumentasse” em Portugal e justificasse o rastreio.

“O estudo-piloto previa rastrear 100 mil recém-nascidos num período temporal de cerca de dois anos e, após esta fase inicial que foi restrita às zonas de maior incidência, vamos estender o rastreio a todo o país”, afirmou, adiantando que posteriormente até se pode comparar a incidência desta doença nas diferentes regiões.

Desde maio de 2021, quando foi iniciado este estudo-piloto, até janeiro de 2022, foram rastreados 23.591 recém-nascidos e identificados 25 doentes com drepanocitose, o que, segundo Laura Vilarinho, mostra a “elevada prevalência” desta doença (um caso positivo por cada 944 bebés recém-nascidos).

O estudo visa aferir a real necessidade de incluir esta doença, que se caracteriza pelo formato dos glóbulos vermelhos que se assemelham a uma foice, provocando grande anemia e graves complicações, no painel das doenças abrangidas pelo Programa Nacional de Rastreio Neonatal, conhecido como Teste do Pezinho.

O programa, iniciado em Portugal em 1979, permite identificar as crianças que sofrem de doenças, quase sempre genéticas, como a fenilcetonúria, que podem beneficiar de tratamento precoce. Neste momento, são já 26 as patologias rastreadas.

A investigadora avançou à Lusa que se está a equacionar o rastreio e a inclusão de outras patologias quando terminar o estudo em curso.

A grande maioria dos rastreios (75%) é realizada nos cuidados de saúde primários. Os restantes são feitos nos hospitais quando os bebés estão internados na altura de realizar a colheita de sangue, que deve acontecer entre o terceiro e sexto dia de vida.

O programa já permitiu identificar mais de 2.500 doentes, contribuindo para um tratamento mais precoce e para que “as crianças cresçam e se desenvolvam normalmente”, salientou.

Laura Vilarinho destacou o papel “muito importante” dos pais que têm colaborado no programa.

“É importante também estarmos atentos sempre e esta doença, a drepanocitose, reflete isso, porque era uma doença que era pouco diagnosticada no nosso país, porque não havia casos positivos e foi o acolhimento que o nosso país fez ao crescente número de imigrantes oriundos de países com elevada frequência desta patologia que fez com que recomendações internacionais em toda a Europa levassem à realização do rastreio neonatal da drepanocitose”, rematou.

O INSA refere que “o rastreio neonatal continua a ser um programa nacional de grande sucesso revelando elevada qualidade, ilustrada pela taxa de cobertura, superior a 99% dos recém-nascidos, e pelo início da intervenção terapêutica em 10 dias (média)”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Brasil declarado livre de febre aftosa sem vacinação

O Brasil, maior produtor e exportador mundial de carne bovina, foi declarado livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), anunciou hoje a associação patronal brasileira do setor.

Informação HealthNews: Ana Paula Martins será reconduzida no cargo

De acordo com diferentes fontes contactada pelo Healthnews, Ana Paula Martinis será reconduzida no cargo de Ministra da Saúde do XXV Governo constitucional, numa decisão que terá sido acolhida após discussão sobre se era comportável a manutenção da atual ministra no cargo, nos órgão internos da AD. Na corrida ao cargo, para além de Ana Paula Martins estava Ana Povo, atual Secretária de Estado da Saúde, que muitos consideravam ser a melhor opção de continuidade e Eurico Castro Alves, secretário de estado da Saúde do XX Governo Constitucional.

Auditorias da IGAS apontam fragilidades no combate à corrupção no SNS

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde realizou 14 auditorias a entidades do SNS desde 2023, que identificaram áreas críticas que exigem reforço nos mecanismos de controlo interno e prevenção da corrupção nas entidades auditadas, revela um relatório hoje divulgado

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights