Os investigadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, explanaram as suas ideias num artigo, publicado na revista científica Science Adances, no qual argumentam que estas medidas ajudariam a impedir a propagação de doenças dos animais aos seres humanos, o que poderia ajudar a prevenir futuras pandemias e proporcionar importantes benefícios.
O custo anual destas ações de “prevenção primária da pandemia” é de cerca de 20 mil milhões de dólares (17,5 mil milhões de euros), o que representa menos de 10% dos custos económicos devido a doenças infecciosas emergentes.
“Testes, tratamentos e vacinas podem prevenir mortes, mas não impedem a propagação de vírus em todo o mundo e podem nunca impedir o aparecimento de novos agentes patogénicos”, disse o líder do estudo Aaron Bernstein, da Harvard T.H. Chan School of Public Health.
Bernstein disse que “gastar apenas cinco cêntimos em cada dólar pode ajudar a evitar o próximo tsunami de vidas perdidas devido a pandemias, tomando medidas rentáveis para impedir que a onda suba sempre, em vez de pagar milhares de milhões para consertar as coisas”.
Atualmente, espera-se que 3,3 milhões de pessoas morram anualmente de doenças zoonóticas virais, com um valor de perdas estimado para estas vidas de pelo menos 350 mil milhões de dólares (306 mil milhões de euros) e mais 212 mil milhões de dólares (185 mil milhões de euros) em perdas económicas diretas, adianta o artigo.
Os autores salientam que a prevenção da transmissão na fonte raramente é abordada quando os decisores políticos e as organizações multilaterais discutem os riscos pandémicos,
Também cunham um novo paradigma – “prevenção primária da pandemia” para definir ações que eliminem novas doenças antes da sua propagação, em vez de ações que abordem os surtos de doenças, após a sua ocorrência.
Os investigadores sugerem que seja criado um projeto global de descoberta de vírus para identificar potenciais agentes patogénicos zoonóticos e que sejam disponibilizados financiamento e pessoal suficientes para monitorizar o comércio de animais selvagens.
Também defendem a redução da desflorestação, observando que a redução da perda de árvores na Amazónia é uma das “pedras angulares” da prevenção primária da pandemia, mas recordam que as florestas mais pequenas são também fontes importantes de agentes patogénicos emergentes devido à sua proximidade de assentamentos densamente povoados.
A realização destes investimentos na prevenção tem benefícios para a saúde humana, o ambiente e o desenvolvimento económico, segundo Marcia Castro, outra das autoras do texto e da Harvard Chan School.
LUSA/HN
0 Comments