África do Sul quer adaptar tecnologia mRNA para combater VIH, tuberculose e malária

11 de Fevereiro 2022

A África do Sul pretende adaptar a tecnologia mRNA da vacina contra a Covid-19 para o combate do vírus que causa a sida, a tuberculose e a malária, anunciou esta sexta-feira o ministro do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia sul-africano.

“A tecnologia mRNA não é apenas para a covid-19, esperamos que possa ser adaptada para nos ajudar na luta contra o VIH [Vírus da Imunodeficiência Humana], a tuberculose e a malária, e é por isso que estamos a investir fortemente, ao lado de parceiros internacionais, nesta iniciativa”, declarou Blade Nzimande.

O governante sul-africano salientou que “a covid-19 demonstrou a importância de se investir na ciência, tecnologia e inovação”, sublinhando que “a preparação para futuras pandemias é fundamental”, no final de uma visita hoje a vários parceiros do setor público e privado que participam no desenvolvimento do centro global de transferência de tecnologia de vacinas mRNA da Organização Mundial da Saúde (OMS), na Cidade do Cabo.

“O ‘hub’ global mRNA da OMS é um alicerce fundamental para garantir que a África do Sul e todo o continente tenham a capacidade de produção essencial para a distribuição equitativa de vacinas”, frisou o ministro sul-africano.

Nesse sentido, a África do Sul e a França pretendem “diversificar” e “acelerar” a produção de vacinas no continente africano, através de um consórcio que inclui o Banco de Patentes de Medicamentos, o instituto Biovac, a Afrigen Biologics & Vaccines, o Departamento de Ciência e Inovação da África do Sul, o Conselho de Pesquisa Médica (SAMRC), uma rede de universidades e os Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), segundo o Governo sul-africano.

“O objetivo central é desenvolver um local de formação onde a tecnologia mRNA seja desenvolvida à escala necessária para a produção em massa de vacinas e, posteriormente, para que esse pacote completo de tecnologia seja transferível para vários recetores em países de baixo e médio rendimento”, adiantou o Governo de Pretória.

Na ótica do ministro da Saúde da África do Sul, Joe Phaahla, o novo ‘hub’ da OMS, na Cidade do Cabo, “não é apenas para a África do Sul, oferece um balcão único para os países de baixo e médio rendimento em todo o mundo beneficiarem da tecnologia transferida, juntamente com o ‘know-how’, para que também possam produzir vacinas mRNA, que é fundamental se quisermos acabar com a desigualdade nas vacinas”, sublinhou.

“A pandemia destacou a necessidade de aumentar a produção local de vacinas globalmente, especialmente em países de baixo e médio rendimento”, afirmou hoje o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, de visita à Cidade do Cabo.

“O centro global mRNA da OMS é um importante passo nessa direção, partilhando a tecnologia e aproveitando a capacidade e o conhecimento científico que já existe na África do Sul”, salientou.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, que iniciou hoje uma visita de dois dias à Cidade do Cabo, elogiou anteriormente a capacidade científica da África do Sul no desenvolvimento do projeto de transferência de tecnologia de vacinas mRNA.

Além do diretor-geral da OMS, a delegação integra ainda a ministra belga da Cooperação para o Desenvolvimento e Política Urbana, Meryame Kitir.

A visita à África do Sul também inclui o Centro de Resposta Epidemiológica e Inovação, que se tem destacado a nível mundial na sequenciação genómica viral, reuniões com grupos da sociedade civil e visitas a centros de vacinação na Cidade do Cabo.

LUSA/HN

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