“[A saúde mental] É uma grande preocupação que foi exacerbada com a pandemia [da Covid-19]. São muito visíveis as respostas dos centros de vacinação, centros de testagem e unidades de cuidados intensivos, mas a verdade é que a saúde mental também precisa de uma resposta”, descreveu à Lusa o vereador do pelouro Intervenção Social e Saúde da Câmara de Matosinhos, Carlos Mouta.

O “Ativa’Mente” vai desenrolar-se ao logo de todo o ano com ações que têm como objetivo “olhar para a saúde mental de forma descontraída, sem estigmas e sem tabus”.

Após o lançamento do programa, março será o mês dedicado a doenças como a perturbação do sono, enquanto em abril o foco estará na doença bipolar e em maio na ansiedade.

Daí em diante, até dezembro, a equipa da Câmara de Matosinhos, em parceria com a Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM), propõe-se abordar outros temas e doenças como problemas pelo abuso de substâncias, esquizofrenia, perturbação obsessivo-compulsiva (POC), ‘burnout’, depressão, entre outros.

“Pretendemos que as pessoas conheçam situações como a perturbação do sono ou mais complicadas, como a esquizofrenia, e olhem para elas com ligeireza e sem dificuldade em falar”, referiu o vereador.

O “Ativa’Mente” vai ser apresentado à comunidade de forma “quase provocatória”, com recurso a vídeos publicados nas redes sociais, nos quais ‘youtubers’ ou ‘instagrammers’, entre outras pessoas, “vão falar da doença de forma descomprometida e até como um exemplo de superação”.

Todas as publicações terão o apoio técnico da ULSM e serão complementadas com informação sobre sintomas e tratamentos.

Além da vertente digital, as ruas deste concelho do distrito do Porto vão ser forradas de ‘outdoors’ com informação, que também será constante nos ecrãs espalhados pelos centros de saúde e pelo hospital local.

“O objetivo é que as pessoas se cruzem com o tema da saúde mental de forma descomplicada”, sintetizou Carlos Mouta.

O calendário do “Ativa’Mente” inclui ações de formação e sensibilização, ‘workshops’ e atividade física, como pilates ou ioga, ao ar livre.

O programa destina-se a toda a comunidade, incluindo profissionais de saúde, doentes, técnicos e utentes de instituições locais, bem como a empresas, com conteúdos para crianças, jovens, adultos e idosos.

Em março, em parceria com a Associação Portuguesa do Sono, a Câmara de Matosinhos lança um questionário ‘online’ sobre o sono, cujo objetivo é perceber a realidade do concelho, dando de forma automática informação sobre a higiene do sono e os mitos associados.

Carlos Mouta garantiu que “este programa não será algo isolado e de apenas um ano”, e avançou que estão a ser preparadas sugestões de livros e filmes que “explicam a doença de forma descomplexada” que serão partilhadas após validação técnica.

Segundo informação remetida à Lusa pela Câmara de Matosinhos, com base em dados da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, uma em cada quatro pessoas é afetada por uma perturbação mental ao longo da vida e 12% das doenças em todo o mundo são do foro mental.

Na mesma informação é descrito que as perturbações por depressão são a primeira causa de carga global de doença nos países desenvolvidos e que mais de um quinto dos portugueses, cerca de 22,9%, sofre de uma perturbação psiquiátrica, sendo Portugal o segundo país da Europa com a mais elevada prevalência de doenças psiquiátricas.

LUSA/HN