Maláui regista caso de poliomielite selvagem, o primeiro em África em cinco anos

19 de Fevereiro 2022

O Maláui registou um caso de poliomielite selvagem (WPV) tipo 1, o único que ainda circula no mundo, no primeiro caso detetado em África em mais de cinco anos, divulgou hoje a Organização Mundial de Saúde (OMS).

As autoridades do Maláui alertaram que o WPV tipo 1 foi detetado numa criança na capital Lilongwe, explicou a OMS em comunicado.

As análises laboratoriais estabeleceram que este está relacionado com o vírus que circula na província de Sindh, no Paquistão.

O WPV1 é endémico em apenas dois países, o Paquistão e o vizinho Afeganistão.

“Como se trata de um caso importado do Paquistão, esta deteção não afeta a certificação de África como uma região livre de poliomielite selvagem”, assegurou a OMS.

África desfruta deste estatuto desde agosto de 2020, quando todas as formas de poliomielite selvagem foram eliminadas do continente.

Foram necessários quatro anos sem qualquer caso para obter esta certificação.

“Estamos a tomar medidas urgentes para bloquear qualquer risco de disseminação”, acrescentou o diretor da OMS para a África, Matshidiso Moeti, citado na nota de imprensa.

Esta organização internacional planeia aumentar as vacinações no Maláui e reforçar a vigilância nos países vizinhos.

“O último caso de poliomielite selvagem em África foi relatado no norte da Nigéria em 2016 e havia apenas cinco casos em todo o mundo em 2021. (…) Vamos mobilizar todos os recursos para ajudar a ação do país”, assegurou Modjirom Ndoutabe, responsável pela coordenação da poliomielite para a OMS em África.

A poliomielite é uma doença infecciosa que afeta principalmente crianças com menos de 05 anos e não tem cura.

Os seus sintomas incluem febre, fadiga, vómitos e dores de cabeça, e em alguns casos pode causar paralisia dos membros.

Formas não selvagens do vírus, derivados de vacinas contra a poliomielite, continuam a ser transmitidas em África e na Ásia.

O poliovírus é transmitido pelas fezes de uma pessoa infetada e depois pela contaminação da água ou dos alimentos, e multiplica-se no intestino.

Apesar de não ter tratamento, a vacinação previne a infeção e, portanto, a transmissão, que praticamente foi erradicada nas formas selvagens.

A vacina foi criada na década de 1950, mas permaneceu fora do alcance dos países pobres da Ásia e da África até uma mobilização significativa nas últimas décadas.

NR/N/LUSA

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