No cabaz do Instituto Nacional de Estatística (INE), o preço dos óleos e gorduras registou um aumento de 12,5% entre janeiro de 2020 (antes de a economia ter sido abalada pela pandemia) e janeiro de 2022, sendo estes os produtos da classe dos bens alimentares e das bebidas não alcoólicas a registarem a maior variação, naquele período.
O aumento dos preços é transversal a todo este cabaz, com os dados do INE a mostrarem que, naquele período de dois anos, subiram 9,9% as frutas, enquanto o preço do pão e cereais se agravou 5,4% e o da carne e dos produtos hortícolas avançou mais de 4%.
Também produtos como café, chá e cacau registaram uma variação de 4%, enquanto o preço dos ovos, leite e queijo aumentou 2,6%. No peixe a subida foi de 3,5%.
A realidade estatística medida pelo INE é sentida pelos consumidores no seu dia a dia e Vítor Machado, diretor da Área de Produtos e Serviços da Deco Proteste, acredita que os efeitos da subida de preços se vão agravar nos próximos tempos devido ao atual contexto de seca e ao agravamento do conflito no Leste da Europa.
Impactados pela escalada dos preços dos combustíveis, “os bens alimentares também começaram a sofrer sinais de uma pressão inflacionista”, afirma Vítor Machado, destacando em particular os produtos hortícolas, a fruta, a carne e o pão, onde se regista “uma inflação que começa a ser preocupante”.
A par dos combustíveis, aponta o diretor da Área de Produtos e Serviços da Deco Proteste, os preços estão a ser influenciados pelas perturbações da cadeia logística de abastecimento, sendo que “a seca vai ainda agravar mais esta situação”, tal como a perturbação na Ucrânia, um grande produtor de cereais.
Na classe dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas, apenas as águas minerais, refrigerantes e sumos de frutas e os produtos hortícolas viram os preços aumentar menos de 1% (subiram 0,9%) no período considerado.
Depois de um primeiro ano de pandemia em que os preços se foram mantendo estáveis, devido essencialmente à diminuição procura, 2021 traria um ponto de viragem no rumo da inflação, sendo que a pressão altista dos preços, observa Vitor Machado, se começou a sentir sobretudo a partir do segundo semestre do ano passado.
LUSA/HN
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