No concelho do Barreiro, no distrito de Setúbal, a Linha de Apoio Psicológico (LAP), criada em abril de 2020 e desativada em novembro de 2021, foi procurada por residentes das freguesias do Alto do Seixalinho, Lavradio, Barreiro, Santo António da Charneca e Verderena, a maioria com mais de 70 anos, seguida das faixas etárias dos 40 aos 49 e dos 60 aos 69 anos.
Durante este período, segundo informação disponibilizada pelo município, foram acompanhadas 67 pessoas e realizaram-se 649 sessões de atendimento. Apesar de a linha telefónica já não estar em funcionamento, foi mantido o acompanhamento de casos ativos até à sua resolução, não sendo recebidas novas situações, até porque a procura diminuiu substancialmente.
A autarquia continua, no entanto, a prestar apoio através da Linha de Apoio Social (LAS) e sempre que se verifiquem casos mais complexos são encaminhados para as entidades competentes.
A LAS, criada na altura do primeiro estado de emergência nacional e ainda em funcionamento, visa a resposta a vários tipos de necessidades, como as de natureza alimentar ou de medicação, mas também o encaminhamento para entidades que permitam a resolução definitiva da situação. Já recebeu perto de 2.000 chamadas e a média mensal atual é de cerca de 50, sobretudo com pedidos de ajuda por carência económica.
Em vários concelhos, havendo ou não linhas de atendimento distintas para problemas psicológicos e dificuldades financeiras, foi e continua a ser frequente as primeiras receberem chamadas com pedidos de ajuda para a aquisição de bens ou o pagamento de despesas.
Aliás, conforme sublinhou à Lusa a vereadora da Ação Social de Abrantes, Raquel Olhicas, “muitas vezes as carências sociais levam a fragilidades mentais”. Neste concelho do distrito de Santarém mantém-se ativa a linha telefónica de apoio psicológico e emocional, que diagnostica também diversas situações de debilidade social.
O serviço já atendeu “cerca de 1.500 chamadas” e aumentaram os “processos sociais e pedidos de auxílio económico”, que são encaminhados, “após uma triagem do problema”, para a resposta tecnicamente mais adequada. Foram criados neste âmbito quatro departamentos de apoios sociais, além do de apoio psicológico.
“Os idosos recorreram muito à linha de apoio psicossocial, que se revelou um recurso importante no combate ao isolamento social que a pandemia veio despoletar”, notou a autarca, dando conta de que as linhas de ação, a este nível, passam por “apoiar a população no processo de readaptação” e na “recuperação e reajuste sobre o impacto que a situação pandémica imprimiu em diversas áreas da vida da comunidade”.
O município do Seixal (Setúbal) ativou também uma linha de apoio psicológico, em parceria com a associação Voz do Amor, que funcionou de 24 de março a 30 de junho de 2020, tendo atendido 100 pessoas, a maioria mulheres, com idades entre os 11 e os 76 anos.
De acordo com o presidente da associação, João Carvalho, foram apuradas diversas vulnerabilidades e aparentes patologias, sendo as mais predominantes a questão do isolamento social, a ansiedade, o pânico e alguns quadros a configurarem depressão e perturbações de comportamento.
Recorreram à linha pessoas de várias zonas do concelho, assim como residentes em Almada e Barreiro, e foram efetuados diversos encaminhamentos para serviços de saúde e instituições concelhias.
O concelho é também exemplo de como estas valências não couberam apenas a câmaras: a Junta de Freguesia de Corroios criou um projeto de apoio psicológico para ajudar a gerir as emoções face ao impacto de dois anos de pandemia.
Segundo Marta Oliveira, técnica da junta, o serviço começou há pouco tempo de forma presencial nas instalações do Auditório José Queluz, ainda que com um pequeno grupo de pessoas, dados os constrangimentos da pandemia.
A Câmara de Alcobaça, no distrito de Leiria, criou em março de 2020 uma linha telefónica para ajudar a comunidade a lidar com as situações de ansiedade, que, segundo o psicólogo João Mota, “acabou por receber chamadas de todos os pontos do país”.
O fluxo de “mais de 20 chamadas por dia” nos primeiros tempos da pandemia “não permitiu fazer um registo do número de pedidos recebidos” na linha, que “funcionava 24 horas”.
Já na Nazaré (Leiria), onde a linha se manterá em funcionamento até ao final de março, a procura foi bastante menor, sendo estimada pelos serviços de ação social da autarquia em cerca de 30 as chamadas recebidas durante toda a pandemia.
No mesmo distrito, em Peniche, foi criada em março de 2020 uma linha para dar resposta a todos os pedidos de ajuda, que apoiou 224 cidadãos durante o primeiro estado de emergência e 167 entre setembro de 2020 e julho de 2021, segundo o município.
Contudo, apenas seis cidadãos vieram a beneficiar de apoio psicológico: “pessoas idosas com problemáticas de isolamento social que se agravaram com os confinamentos, manifestando-se em sintomatologia depressiva e ansiosa”.
No distrito de Lisboa, em Arruda dos Vinhos, desde o início da pandemia, em que foi criada uma linha telefónica, o Gabinete de Psicologia, com um psicólogo e um psicoterapeuta afetos, atendeu 467 cidadãos, que necessitaram de acompanhamento especializado por apresentarem “quadros depressivos” resultantes do isolamento social, informou o município.
Em Mafra (Lisboa), desde que nasceu, em março de 2020, “A Linha Que Nos Une” contou com 136 atendimentos por técnicos licenciados em Psicologia, tendo sido reportadas “situações de ansiedade derivadas do isolamento” e diagnosticados casos “de perturbação de ansiedade e perturbação depressiva”, que foram encaminhados ora para o Gabinete de Ação Social da autarquia, ora para os cuidados primários de saúde, esclareceu a câmara.
LUSA/HN
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