A cidade portuária de Mariupol continua cercada pelas forças russas agravando-se a crise humanitária.
Uma nota do comando geral das Forças Armadas ucranianas refere que estão a ser construídas defesas nas cidades do norte, do sul e do leste da Ucrânia sendo que em Kiev a resistência ucraniana “está a manter posições”.
O comando geral das Forças Armadas da Ucrânia não forneceu mais detalhes sobre o esquema de defesa.
Na cidade de Chernihiv, no norte do país, as forças russas estão a colocar equipamento nas zonas residenciais, em quintas e em outras instalações agrícolas, refere o mesmo comunicado.
No sul, acusam as Forças Armadas de Kiev, soldados russos “vestidos com roupas civis” estão a avançar contra a cidade de Mykolaiv.
Na capital voltaram a soar dois alertas indicando um ataque de mísseis russos tendo os habitantes procurado segurança nos refúgios.
Os alertas em Kiev são comuns mas irregulares obrigando a população civil a um estado de tensão permanente.
Oleksiy Kuleba, administrador regional de Kiev disse à AFP que a crise humanitária está a agravar-se na capital, nomeadamente nas zonas periféricas.
“A Rússia (…) está a frustrar a retiradas de pessoas ao manter os bombardeamentos contra pequenas comunidades (nos arredores da cidade)”, disse o responsável local ucraniano.
Desde terça-feira que as Nações Unidas indicam que o número de refugiados ucranianos é superior a dois milhões.
Nos últimos dias, o assédio das forças de Moscovo contra várias cidades ucranianas impediram o estabelecimento de corredores humanitários para a retirada de civis.
Mesmo assim, e segundo as autoridades ucranianas, na terça-feira foi possível retirar cerca de cinco mil pessoas de Sumy, entre os quais 1.700 estudantes estrangeiros.
A região urbana de Sumy é habitada por 250 mil pessoas.
O mesmo corredor humanitário reabriu hoje de manhã e deve manter-se durante as próximas horas contando com o apoio de autocarros que estão a ser enviados da cidade de Poltava, disse o responsável administrativo local, Dmytro Zhyvytskyy.
Na operação de retirada está a ser dada prioridade a mulheres grávidas, mulheres com crianças, idosos e a pessoas com deficiência.
No sul, as tropas russas avançam na zona de costa tentando estabelecer ligações com a Península da Crimeia, ocupada desde 2014.
Na cidade cercada de Mariupol, onde vivem cerca de 430 mil pessoas, a situação tem vindo a agravar-se desde o início da invasão russa.
De acordo com a AP, em Mariupol, há corpos nas ruas da cidade, que começa a ser atingida pela fome e a falta de água.
A população é obrigada a derreter neve para conseguir água e a procura de alimentos faz aumentar o perigo de exposição dos civis na cidade portuária ucraniana.
Até terça-feira, a retirada de civis foi impedida pelos ataques de artilharia russa.
“Trata-se de uma situação catastrófica”, disse Iryna Vereshchuk, vice-primeira ministra da Ucrânia referindo-se aos ataques russos contra os corredores humanitários, na terça-feira.
As autoridades de Mariupol admitem que podem vir a ser obrigados a enterrar os mortos em valas comuns.
Na cidade, além dos problemas relacionados com a distribuição de água não há eletricidade e aquecimento, os sistemas de esgoto bloquearam e não funcionam as redes de comunicações telefónicas.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 406 mortos e mais de 800 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de dois milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
LUSA/HN
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