Custo da guerra para UE é o “preço da liberdade”

14 de Março 2022

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, admitiu esta segunda-feira “grandes prejuízos económicos” para o espaço comunitário com a guerra da Ucrânia, causada pela invasão russa, vincando que “o preço a pagar é o da liberdade”.

“A guerra de Putin contra a Ucrânia já causou milhares de mortes, mas também grandes prejuízos económicos a nível mundial. Precisamos de lidar com o impacto deste terceiro choque assimétrico em 15 anos, a nível interno e externo”, escreveu Josep Borrell num artigo de opinião hoje publicado.

Dias depois de os líderes europeus terem concordado, na cimeira de Versalhes, no reforço da resiliência económica europeia, na redução das importações de energia da Rússia e no robustecimento da defesa europeia, o Alto Representante da UE para a Política Externa apontou que “a guerra contra a Ucrânia que Vladimir Putin iniciou já está a ter consequências económicas consideráveis na Rússia”.

No entanto, “estamos também a assistir a efeitos significativos na Europa, com os preços da energia e de outros produtos a aumentar e, provavelmente, isso continuará a acontecer. Nós, dentro da UE, temos de aceitar pagar também um preço para parar esta guerra escandalosa e não provocada [pois] o futuro da nossa segurança e das nossas democracias depende disso”, sublinhou Josep Borrell.

E vincou: “O preço a pagar é o preço da liberdade”.

Assinalando que “a guerra na Ucrânia é o terceiro choque assimétrico que a UE sofreu nas últimas duas décadas, após a crise financeira e económica de 2008 e a consequente crise da zona euro e a pandemia de covid-19”, Josep Borrell adiantou que “a guerra na Ucrânia está de facto a ter um impacto muito maior nos países vizinhos devido ao afluxo de refugiados e à sua forte dependência do gás russo”.

No que toca aos refugiados, o chefe da diplomacia europeia concluiu que “é esperado que o número [de pessoas deslocadas] aumente ainda mais nos próximos dias e semanas, enquanto Putin continuar a sua agressão”, pelo que é necessário avançar com “a vasta renovação da política comum de asilo e migração para garantir mais solidariedade, num processo que começou em 2020 e que ainda não foi finalizado”.

O artigo de opinião sobre “a guerra na Ucrânia e as suas implicações para a UE” surge no dia em que Josep Borrell participa em visitas aos Balcãs Ocidentais para reafirmar o compromisso de Bruxelas para com esta região, numa altura em que a invasão russa da Ucrânia ameaça o continente europeu.

Falando esta manhã em Sofia, capital da Bulgária, o chefe da diplomacia europeia denunciou a “agressão bárbara” de Putin contra o povo da Ucrânia, confirmando sem precisar que um quarto conjunto de sanções contra Moscovo será adotado pela UE.

A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, um ataque que foi condenado pela generalidade da comunidade internacional.

Pelo menos 564 civis morreram e mais de 982 ficaram feridos, enquanto mais de 4,8 milhões de pessoas fugiram das suas casas, cerca de 2,8 milhões para o estrangeiro, segundo os mais recentes dados da ONU.

LUSA/HN

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