Dedicado ao tema ‘O Mistério do Tempo’, o simpósio vai reunir neurocientistas, físicos e psicólogos para debater um dos aspetos mais enigmáticos da existência: a dimensão do tempo. O evento decorrerá na Casa do Médico, no Porto, mas os interessados também podem participar online.
Para o neurocientista Rui Costa, membro da comissão organizadora, o tempo “é um dos temas mais fundamentais e misteriosos para a humanidade”. “O tempo liga os momentos que vivemos, forma a narrativa da vida, faz-nos mudar e envelhecer. Percebemos o tempo de forma diferente quando estamos entusiasmados ou aborrecidos, e ao nível da física o tempo pode andar para a frente ou para trás. Todas estas dimensões vão ser discutidas no simpósio”, acrescentou.
Joseph Takahashi, neurobiologista e geneticista da Universidade do Texas, liderou a equipa que descobriu, na década de 90, a base genética dos ciclos circadianos dos mamíferos e o chamado gene do relógio.
O ciclo circadiano, também conhecido como ritmo circadiano, é o período de 24 horas em que o relógio biológico interno dos seres vivos, animais e plantas mantém as atividades e funções biológicas do corpo. No caso dos mamíferos, os ciclos circadianos influenciam a digestão, o sono e a renovação celular, entre outras funções.
O conhecimento do ciclo circadiano permite-nos perceber, por exemplo, quais os momentos mais favoráveis para estarmos atentos, empreendermos esforços físicos, otimizarmos a nossa habilidade de coordenação ou reagirmos mais rapidamente.
Na sua intervenção no Simpósio Aquém e Além do Cérebro, Joseph Takahashi vai explorar a forma como os organismos se adaptam à passagem do tempo e como isso afeta o organismo e até a perceção do tempo. O investigador vai ainda abordar a questão do metabolismo, demonstrando como o momento do consumo dos nutrientes é crítico e como restringir o momento da alimentação pode trazer benefícios à saúde, sendo um fator crítico para aumentar a longevidade.
As descobertas de Joseph Takahashi “revelaram os mecanismos que nos fazem viver e perceber o ritmo diário como tal. Estes mecanismos explicam porque os nossos organismos estão em estados diferentes de manhã, à tarde ou à noite, e determinam quando comemos e quando dormimos. E também explicam as variações circadianas em metabolismo e imunidade, que têm implicações para a obesidade e o cancro”, sublinhou Rui Costa.
PR/HN/Rita Antunes
0 Comments