O último boletim de vigilância da gripe do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), referente à semana de 14 a 20 de março (semana 11), indica que a taxa de incidência de infeção respiratória aguda (IRA) também caiu, fixando-se em 28,4 por 100.000 habitantes e que a Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe (Hospitais) observou um aumento de casos de gripe desde a semana 8 (21 a 27 de fevereiro).
Até ao momento foram identificados 48 casos de co-infeção pelo vírus da gripe e SARS-CoV-2, segundo o documento divulgado pelo INSA, que aponta ainda que não foi reportado qualquer caso de gripe nem pelas 19 unidades de cuidados intensivos, nem pelas duas enfermarias que enviaram informação.
Apesar dos valores mais baixos nas taxas de incidência da síndrome gripal e da infeção respiratória aguda, o INSA sublinha que estes valores devem ser interpretados “tendo em conta a reorganização do atendimento ao doente respiratório e a menor população sob observação do que a observada em período homólogo de anos anteriores”.
A Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe (Hospitais) detetou entre 14 e 20 de março 534 casos positivos para o vírus da gripe, dos quais 532 do tipo A e dois do tipo B. Em 50 dos casos foi identificado o subtipo A(H3) e num dos casos o subtipo A(H1). Foi observado um menor número de deteções de outros vírus respiratórios desde a semana 02/2022 (10 a 16 de janeiro).
Na época 2021/2022, os laboratórios da Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe (Hospitais) notificaram 64.989 casos de infeção respiratória e foram identificados 1.607 casos de gripe.
No que se refere à caracterização genética, o boletim diz que, até à semana entre 14 e 20 de março, foram qualificados 80 vírus da gripe com particularidades antigénicas que se distinguem do vírus contemplado na vacina contra a gripe da época 2021/2022.
Esta situação já tinha sido admitida pela coordenadora da Rede Médicos-Sentinela, que em declarações à Lusa na semana passada admitiu que possa haver uma resposta imunitária diminuída.
“Os vírus que estão a circular em Portugal, que são maioritariamente vírus do tipo A, do subtipo AH3, e aqueles que foram analisados no programa de vigilância da gripe, são antigenicamente distintos daqueles que constam da vacina”, disse Ana Paula Rodrigues, acrescentando: “Nós não temos ainda os dados dos estudos de efetividade porque não há um número de casos suficientes”.
A vacinação contra a gripe arrancou em Portugal no final de setembro, mais cedo do que o habitual devido à pandemia de Covid-19,estando já vacinadas mais de 2,5 milhões de pessoas.
O boletim do INSA refere ainda que a mortalidade por todas as causas está “dentro do esperado para esta época do ano”.
Sobre a situação europeia, indica que há uma tendência crescente na atividade gripal e que na semana 10/2022 (07 a 13 de março) vários países da região europeia apresentaram uma taxa de deteção laboratorial do vírus da gripe acima de 30% – Holanda (85%), Hungria (69%), França (57%), Eslovénia (57%), Luxemburgo (44%), Dinamarca (36%) e Suíça (34%).
LUSA/HN
0 Comments