“A minha história pessoal é que o meu irmão está em Jarkov, a segunda maior cidade da Ucrânia, que está a ser bombardeada todos os dias. Naturalmente que me preocupo com ele, mas preocupa-me muito mais o destino das nossas crianças”, disse Kristalina Georgieva num debate sobre recuperação económica em Doha.
O irmão da diretora do FMI é casado com uma ucraniana e a 24 de fevereiro o casal foi suspreendido pela invasão russa na Ucrânia, onde se tinha deslocado para cuidar da mãe dela.
“Não podemos esquecer que estamos interligados e que estamos nisto juntos. E temos que pensar que tipo de mundo vamos deixar de heranca às nossas crianças”, afirmou.
A directora geral do FMI, que nasceu na Bulgária há 68 anos, recordou que viveu “do outro lado da cortina de ferro”, o que odiava, e os “tremendos beneficios e dividendos da paz” e da abertura conseguida no seu país após a queda da União Soviética.
“Agora temos de novo una guerra na Europa e devemos lembrar-nos do que isso significa” disse Georgieva perante responsáveis políticos de todo o mundo, salientando que na Segunda Guerra Mundial houve três milhões de refugiados europeus e agora há quatro milhões só da Ucrânia.
“É uma situação sem precedentes”, considerou.
Defendeu ainda que quanto mais rápido se resolver o que está na origem da guerra, mais depressa será solucionado o problema e lembrou que tudo está a acontecer quando se estava a recuperar da crise causada pela pandemia da covid-19 e que el mundo não deve “perder de vista quem paga o preço da crise”.
“Desgraçadamente, todos vamos ser mais pobres em resultado desta crisis”, pronosticou Georgieva, defendendo que “o único caminho para a paz são as negociações”.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, entre os quais 120 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, das quais 3,7 milhões foram para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
LUSA/HN
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