Pouco depois das 09:00 da manhã no Salão Nobre do parlamento já se juntavam alguns deputados para tratar das formalidades habituais no processo de acolhimento.
Em ambiente calmo e descontraído, mas expectante, os deputados iam formando uma fila e trocando alguns abraços e cumprimentos. Dentro do Salão Nobre esperavam-nos os funcionários do parlamento, com a pandemia da Covid-19 a obrigar a algumas adaptações, como a utilização de acrílicos colocados nas mesas de atendimento.
Uma das deputadas estreantes que esperava nesta fila era Elisabete Matos, a soprano que foi cabeça de lista do PS pelo círculo de Braga nas legislativas de janeiro e que confessou à Lusa estar a sentir “um misto de sensações”.
“É um misto de excitação, de responsabilidade, para mim é tudo completamente novo, portanto, com muita vontade de aprender e de lutar pelos direitos dos portugueses e dar o contributo que se espera de um deputado”, disse, acrescentando que as artes e a melhoria das condições dos trabalhadores da cultura será um dos temas prioritários do seu mandato.
Também novo pelas ‘andanças’ parlamentares, Joaquim Miranda Sarmento, do PSD, mostrou-se tranquilo.
“Estão a ser horas normais, há sempre o entusiasmo de novas funções. No meu caso, é o primeiro dia como deputado e de facto é uma legislatura bastante exigente, dada a maioria absoluta do PS, mas acho que o entusiasmo de todos neste parlamento é bastante grande para podermos contribuir para um país melhor”, considerou.
A preparação do deputado passou sobretudo por “conhecer as regras do parlamento, o regimento, o estatuto dos deputados, os tempos para usar da palavra, os debates”.
Como objetivos para este mandato Miranda Sarmento afirmou querer “retomar a reforma das finanças públicas, retomar a nova lei de enquadramento orçamental que foi aprovada em 2015 e que o governo nos últimos seis anos pouco avançou e que é absolutamente essencial para melhorar os serviços públicos e a qualidade das finanças públicas em Portugal”.
Já mais experiente, iniciando agora a sua quarta legislatura, Mariana Mortágua, do BE, disse que o sentimento “é sempre o mesmo”, com “a vontade de fazer o melhor trabalho possível e entusiasmo para fazer esse trabalho”.
Num contexto em que o PS tem maioria absoluta, continuou, o parlamento “perde poder de decisão, mas ganha uma obrigação de escrutínio” e é nesse escrutínio que o BE vai estar empenhado.
“O que aumenta para lá da vontade e da certeza são os meios para fazer o escrutínio, a experiência também nos dá isso: dá-nos essa capacidade para saber onde procurar, como procurar, como fazer oposição, como fazer esse escrutínio e compreender a importância que esse escrutínio tem para a democracia”, disse, acrescentando que continuará atenta às questões financeiras e sobre corrupção.
Pela primeira vez nos corredores da Assembleia da República, Pedro Pinto, que será líder parlamentar do Chega, confessou sentir “algum nervosismo”, mas também “um sentimento de grande responsabilidade e vontade de trabalhar”, destacando a área da Justiça como prioridade programática.
Também estreante, Rui Tavares, deputado único eleito pelo Livre, mostrou tranquilidade.
“Pessoalmente, é um dia como os outros, para este parlamento espero que esteja toda a gente consciente da necessidade de que não seja uma legislatura como as outras, que esta legislatura que incluiu os 48 anos e os 50 anos do 25 de abril, na qual começamos já com mais dias de liberdade do que de ditadura, seja a ocasião de olhar para o futuro do país, escolher um novo modelo de desenvolvimento”, disse.
Já para o socialista José Luís Carneiro, as funções de deputado não são novas e depois deste primeiro dia dirá ‘adeus’ ao parlamento, assumindo funções executivas como ministro da Administração Interna no próximo governo.
O socialista vincou estar “consciente de que quem tem funções executivas tem que ter permanentemente uma cultura de prestação de contas ao parlamento, à Assembleia da República, que é o mesmo que prestar contas aos portugueses”.
LUSA/HN
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