Desde março de 2020 que Macau proíbe a entrada a não residentes vindos do estrangeiro, alegadamente por não ter espaço suficiente para cumprirem a quarentena obrigatória num hotel, atualmente fixada em 14 dias.
A única exceção prevista na proibição é por “motivo de interesse público” e o Governo “tem sido bastante mais flexível com o pessoal docente”, disse à Lusa Stephen Morgan.
Pelo contrário, lamentou o reitor, já há “estudantes, matriculados anteriormente [antes do início da pandemia], a assistir às aulas online, fora de Macau, porque não conseguem regressar”.
A impossibilidade de trazer alunos para a região chinesa, “particularmente, por exemplo, da África lusófona, mudou o caráter da USJ um bocadinho”, disse, referindo que estão “ansiosos por esse regresso”.
Mesmo o diretor do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, Fu Ziying, avisou que a USJ “tem de manter o seu caráter como uma universidade internacional”, recordou Stephen Morgan.
“Não seria nada bom se este sítio [a universidade] estivesse completamente cheio de pessoas de Macau e da China e de mais lado nenhum”, disse o reitor.
De acordo com o responsável, “a USJ ou é um local onde Portugal, o mundo lusófono e a China interagem ou não é nada. Não tem qualquer outra verdadeira identidade”.
“Mesmo que tudo mudasse hoje mesmo, seria já demasiado tarde para recrutar um lote completo de estudantes internacionais para o próximo ano. Ou seja, na prática, [a pandemia] atingiu quatro anos letivos”, disse Stephen Morgan.
O reitor defendeu que Macau teria condições para permitir a entrada de estudantes vindos do estrangeiro que já tenham recebido pelo menos duas doses de uma vacina contra a covid-19. “Não vejo qualquer razão pela qual isso não pudesse acontecer já em abril”, disse.
“É terrivelmente importante para nós podermos regressar aos países onde estávamos a recrutar fortemente, na Ásia, em África e na Europa e trazer estudantes para cá”, sublinhou o reitor.
O impacto da pandemia fez com que a USJ “perdesse provavelmente dois anos, talvez até três anos do seu plano desenvolvimento”, lamentou.
“Ficámos para trás no que toca à internacionalização, nas nossas colaborações com a Universidade Católica Portuguesa e no objetivo que tínhamos de desenvolver algumas boas ligações que temos no Brasil”, disse Stephen Morgan.
A USJ foi criada em 1996 como uma instituição de ensino superior católica pela Universidade Católica Portuguesa e pela diocese de Macau, partilhando o espaço de 38.145 metros quadrados com o Colégio Diocesano de São José 6, num ‘campus’ que acolhe cerca de dois mil estudantes.
LUSA/HN
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