Numa mensagem vídeo durante a reunião à porta fechada da reunião extraordinária ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau), o ministro João Gomes Cravinho pediu que o Fórum de Macau se assuma “definitivamente como uma verdadeira plataforma de cooperação ao serviço do desenvolvimento comum, com resultados tangíveis e percecionáveis por todos”.
Antes, o primeiro-ministro português, António Costa, também numa mensagem vídeo, mas divulgada na cerimónia de abertura, defendeu que a recuperação das economias atingidas pelo impacto da pandemia de Covid-19 e pela invasão russa da Ucrânia exige agora outros estímulos e resultados.
António Costa sustentou que “a superação dos impactos socioeconómicos depende das medidas de estímulo” e da exploração de novas oportunidades, recordando que Portugal é “uma porta de entrada para a União Europeia” e para outros mercados, como a América Latina e África, até pela “proximidade com os países de língua portuguesa”.
Para isso pediu uma melhor gestão de um fundo milionário chinês destinado a financiar a cooperação sino-lusófona, “mais consequente”, nas regras e funcionamento.
Em causa está um fundo de cooperação de quase mil milhões de euros criado pelo Banco de Desenvolvimento da China e pelo Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Macau.
Segundo o Fórum de Macau, o fundo, com quase dez anos de vida, alavancou um investimento total de mais de quatro mil milhões de dólares (3,7 mil milhões de euros) de empresas chinesas para países de língua portuguesa.
João Gomes Cravinho enfatizou, depois, a mensagem portuguesa, num vídeo disponibilizado à agência Lusa pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros: “Todos sabemos que só com um fundo de cooperação eficaz e eficiente, com regras de gestão mais flexíveis, conseguiremos demonstrar a mais-valia e o papel único do Fórum de Macau pode desempenhar, com resultados concretos para as populações de língua portuguesa e reforçando as relações com a China”.
O embaixador em Pequim, em videochamada, solicitou igualmente alterações ao nível dos “requisitos de elegibilidade” e expressou o desejo de que o fundo seja marcado por um “maior dinamismo”, de forma a assegurar o financiamento de projetos produtivos das economias locais”.
José Augusto Duarte frisou ainda que, apesar de Macau ser uma “porta de entrada para o mercado chinês”, no futuro “tem de se fazer mais” do que eventos de divulgação dos produtos.
E concluiu, para dar um sublinhado especial à palavra “ambição: que a próxima conferência [ministerial] não tenha de repetir os nossos apelos, mas constatar os nossos sucessos”.
Em 2003, a China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como plataforma para a cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa e criou o Fórum de Macau.
O secretariado permanente do Fórum integra, além de um secretário-geral e de três secretários-gerais adjuntos, os delegados dos países.
Cinco conferências ministeriais foram realizadas no território em 2003, 2006, 2010, 2013 e 2016, durante as quais foram aprovados Planos de Ação para a Cooperação Económica e Comercial.
Inicialmente prevista para 2019, a sexta conferência ministerial foi adiada para junho de 2020, devido às eleições para o parlamento de Macau, mas não se realizou devido à pandemia de Covid-19.
LUSA/HN
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