“Eu acho que é fundamental haver este consenso e ele depois ser projetado […]”, porque “se os portugueses entenderem isto […] é mais fácil para quem tem de decidir sentir por trás que há um povo que diz: compreendemos isso”, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas à margem da cerimónia de entrega de uma parte do legado de José Saramago.
Depois da vacinação que ajudou a salvar a vida de pessoas e do aumento dos preços agora por causa da guerra, “de repente as pessoas pensam duas vezes e dizem: Com a lição da pandemia, com as lições da guerra, faz sentido ver com outros olhos o papel das Forças Armadas”, concluiu o chefe de Estado.
O Presidente da República tinha pedido ontem no seu discurso do 25 de Abril “mais meios imprescindíveis” para as Forças Armadas e “um consenso nacional continuado e efetivo” para fortalecer este “pilar crucial”.
“Por que razão neste 25 de Abril falo das nossas Forças Armadas na democracia que temos de recriar jornada após jornada? Porque sem as Forças Armadas, e Forças Armadas fortes unidas e motivadas, a nossa paz, a nossa segurança, a nossa liberdade, a nossa democracia, sonhos de 25 de Abril, ficarão mais fracas”, afirmou o chefe de Estado perante a Assembleia da República.
“Porque reconhecer como são importantes as Forças Armadas na nossa vida como pátria exige mais do que recordarmos por palavras essa sua importância. Porque se queremos Forças Armadas fortes, unidas, motivadas temos de querer que tenham condições para serem ainda mais fortes, unidas e motivadas”, acrescentou.
O Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas pediu que se atue agora, advertindo: “Se não quisermos criar essas condições, não nos poderemos queixar de um dia descubramos que estamos a exigir missões difíceis de cumprir por falta de recursos, porque, se o não fizermos a tempo, outros o exigirão por nós, e depois não nos queixemos de frustrações, desilusões, contestações ou afastamentos”.
Uma parte do legado de José Saramago, composto por alguns documentos e objetos, foi hoje depositado na Caixa das Letras do Instituto Cervantes, em Madrid, numa cerimónia que foi presidida pelo Presidente da República.
A líder da Fundação José Saramago, Pilar del Río, foi responsável pelo depósito de alguns “tesouros” de José Saramago, documentos e objetos que a partir de agora ficam sob custódia do Instituto Cervantes, que em Espanha corresponde ao Instituto Camões em Portugal.
A sessão solene contou com as presenças do ministro dos Negócios Estrangeiro espanhol, José Manuel Albares, e do ministro da Cultura espanhol, Miquel Iceta, entre outros.
O escritor é o primeiro português e o segundo autor lusófono a receber o que é considerado uma distinção, depositar uma parte do seu legado na Caixa das Letras, onde personalidades da cultura consignam parte do seu legado no cofre da entidade pelo tempo que quiserem.
Em 2021, Nelida Piñon – uma escritora hispano-brasileira, integrante da Academia Brasileira de Letras, a qual já presidiu – ocupou a gaveta número 1261 do cofre com uma primeira edição de um romance seu, o original de outro e um exemplar da sua fotobiografia.
O Presidente da República também foi hoje o convidado de honra de um jantar oferecido pela Câmara de Comércio Hispano-Portuguesa.
Marcelo Rebelo de Sousa continua na terça-feira a sua “agenda cultural” de dois dias em Espanha, com uma deslocação a Málaga (sul) onde irá à inauguração de uma exposição da pintora portuguesa Paula Rego, no Museu Picasso da cidade.
LUSA/HN
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