Hoje, o primeiro-ministro, irmão do Presidente Gotabaya Rajapaksa, visitou um dos templos budistas mais sagrados, que abriga uma árvore secular, em Anuradhapura.
O governante foi recebido por dezenas de homens e mulheres com cartazes a exigir que os “ladrões” fossem banidos da cidade santa, a 200 quilómetros a norte da capital Colombo.
Comandos da Força-Tarefa Especial (STF) fortemente armados foram mobilizados enquanto a polícia desimpedia a estrada para a caravana de seis veículos de Rajapaksa, sendo que as autoridades avançaram depois que o primeiro-ministro regressaria à capital de helicóptero.
Várias estradas principais do país estão bloqueadas por manifestantes que protestam contra a falta de gás, gasolina e diesel.
Em comunicado, o Ministério da Defesa disse que os manifestantes se comportaram de maneira “provocativa e ameaçadora” e interromperam serviços essenciais.
O Governo impôs na sexta-feira um estado de emergência que dá ao exército poderes abrangentes para prender e deter pessoas.
O Presidente, de 72 anos, não é visto em público desde que dezenas de milhares de pessoas tentaram invadir sua residência particular em Colombo, em 31 de março.
Desde 09 de abril, milhares de pessoas estão acampadas à porta da presidência em Colombo.
A visita de Mahinda Rajapaksa a Anuradhapura faz parte das muitas atividades religiosas da família governante, no poder no país predominantemente budista.
Segundo algumas fontes, o Presidente poderia pedir ao seu irmão Mahinda que renunciasse para abrir caminho para um governo de unidade para tirar o Sri Lanka da crise.
Mas o maior partido da oposição do país já disse que não se juntará a nenhum governo liderado pelo clã Rajapaksa.
Os habitantes do Sri Lanka têm vindo a sofrer nos últimos meses uma escassez de combustível e de alimentos e cortes de energia diários, num país à beira da falência.
Este país insular, localizado no Oceano Índico, está à beira da falência, apresentando uma dívida externa de cerca de 25 mil milhões de dólares (23 mil milhões de euros) e uma diminuição das reservas externas.
O Governo do Sri Lanka já teve de recorrer à China e à Índia para obter empréstimos de emergência e é expectável que até ao fim do mês inicie conversações com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A crise económica sem precedentes do Sri Lanka é resultado, em parte, do alto endividamento do país, da recessão económica causada pela pandemia de covid-19 e de uma queda drástica na atividade turística, principal fonte de divisas.
A esta conjuntura soma-se o excesso na impressão de dinheiro e a consequente depreciação da moeda nacional, promovida pelo Governo para fazer face os gastos públicos.
Em dezembro, o secretário do Ministério da Agricultura, Udith Jayasinghe, já tinha alertado para o risco de fome, devido à proibição da importação de agroquímicos decidida, há um ano, pelo Governo para economizar divisas.
LUSA/HN
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