Apenas 33 por cento dos portugueses revelaram ter plena noção de que as alterações climáticas têm efeitos nefastos para a saúde cardíaca.
O estudo indica que os portugueses revelam desconhecimento, de uma forma geral, sobre o impacto das alterações climáticas na saúde, embora admitam que possa ter impacto na saúde da pele (66 %) e que se possa traduzir em problemas psicológicos (50%).
Verifica-se também que cerca de 10 por cento dos inquiridos considera que as alterações climáticas não têm qualquer impacto na saúde cardiovascular, tendo-se registado a mesma percentagem (10%) para os que consideram que os fenómenos atmosféricos são uma invenção da comunidade científica.
De acordo com a Organização Pan Americana da Saúde, e a Organização Mundial da Saúde, quando exposto a extremos climáticos como calor ou frio, o corpo-humano ativa mecanismos fisiológicos compensatórios para se proteger dos efeitos dessa exposição, e esses mecanismos podem afetar o sistema cardiovascular.
O estudo da GFK revelou que, apesar de 80% dos portugueses saberem que as alterações climáticas são um fenómeno causado pela concentração excessiva de gases de efeito de estufa e a maioria (92%) considerar que, nos próximos anos, os efeitos das alterações climáticas vão aumentar, os dados revelam que não interligam este fenómeno com efeitos prejudiciais para a saúde (potenciador de vários tipos de doença, sobretudo do foro cardiovascular).
Questionados sobre se as alterações climáticas podem ter um efeito negativo em diferentes patologias do foro cardiovascular, ficou patente também o desconhecimento dos portugueses: apenas 35% admitiu que as alterações climáticas podem aumentar os casos de taquicardia; Enfarte do Miocárdio e hipertensão arterial (31%) e Insuficiência Cardíaca (27%).
Entre as principais consequências associadas às alterações climáticas, os respondentes do estudo destacaram em primeiro lugar, as secas excessivas e prolongadas (93%); os fenómenos atmosféricos extremos (90%) e as frequentes ondas de calor extremo (89%). De destacar ainda que foi menos óbvio para a população, os problemas de saúde associados ao aumento ou descida extrema de temperatura (85 %).
Para a Fundação Portuguesa de Cardiologia, terá de haver um esforço conjunto entre todos os agentes da sociedade para combater o impacto negativo das alterações climáticas. Os profissionais de saúde devem estar mais atentos ao impacto das alterações climáticas na saúde e também a população em geral deve estar sensibilizada para esta situação, sobretudo para promover alterações de comportamento.
“Os modelos de sociedade atuais devem ser repensados para que consigamos mitigar os efeitos devastadores das alterações do clima na população. Cada um de nós pode ser um agente de mudança, adotando comportamentos simples mas que podem ter um impacto estrutural: Desde adotar a caminhada, o transporte público e/ou a bicicleta nas deslocações, a deixar de fumar, muito pode e deve ser feito”, adverte o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Professor Manuel Carrageta.
Para Manuel Carrageta, os efeitos das alterações climáticas constituem um desafio também para os sistemas de saúde, que terão de ser cada vez mais capazes de antecipar, preparar-se e responder rapidamente a estas mudanças e seus impactos na saúde.
PR/HN
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