“Nos próximos 18 meses, antevemos um aumento nos riscos sociais e políticos em resultado do choque global nos preços alimentares e energéticos, como aconteceu em 2008”, lê-se numa análise ao impacto da guerra na Ucrânia sobre os países do Médio Oriente e de África.
No documento, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, a Moody’s analisa 16 países africanos e conclui que “Líbano, Moçambique, Togo, Namíbia, Jordânia e Senegal são os mais expostos aos choques energéticos e alimentares e, por isso, os mais vulneráveis a agitação social e política”.
Para elaborar esta lista, a Moody’s olhou para a dependência energética e alimentar e comparou com os custos das importações de alimentos e energia, em percentagem do PIB, considerando que “são bons indicadores porque um aumento nos preços alimentares e de energia tem um espetro alargado e não é limitado aos preços do trigo e do petróleo”.
Os países com uma forte dependência de importações de petróleo e alimentos, já com elevados riscos sociais e com um sistema de governação onde os países não têm uma escapatória eleitoral para mostrar as suas frustrações, são os que estão mais em risco de agitação política e social, diz a Moody’s.
A ajuda internacional, acrescentam, “tem sido enviada pela comunidade de doadores internacionais, mas é pouco provável que consiga proteger totalmente os rendimentos mais vulneráveis, devido à provável escassez de produtos básicos, como os cereais”.
A invasão da Ucrânia pela Rússia teve como consequência um aumento dos preços dos alimentos e da energia numa região que ainda tentava recuperar dos efeitos da pandemia de covid-19.
“Os preços mais elevados dos alimentos e da energia vão impulsionar a inflação e afetar negativamente a balança de pagamentos e as finanças públicas dos países que são importadores líquidos de alimentos e petróleo, exacerbando os desafios macroeconómicos e os desequilíbrios orçamentais e externos”, conclui a Moody’s.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
NR/HN/LUSA
0 Comments