A DGS adianta, em comunicado, que foram confirmados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) mais quatro casos de infeção humana por vírus Monkeypox, o que fez subir para uma centena o número de infeções, até ao momento, no país.
“Todas as infeções confirmadas são em homens entre os 20 e os 61 anos, tendo a maioria menos de 40 anos”, refere a DGS, adiantando que os casos identificados se mantêm em acompanhamento clínico, “encontrando-se estáveis”.
A especialista em varíola da Organização Mundial da Saúde (OMS) OMS Rosamund Lewis considerou na segunda-feira improvável que o surto de Monkeypox se transforme numa pandemia como a covid-19, apesar do rápido aumento de casos no último mês.
“Não acreditamos que este surto seja o início de uma nova pandemia porque é um vírus já conhecido, temos as ferramentas para controlá-lo e a nossa experiência diz-nos que não é transmitido tão facilmente em humanos como em animais”, adiantou.
Desde que o Reino Unido reportou o primeiro caso confirmado de Monkeypox em 07 de maio, a OMS recebeu 257 notificações de casos confirmados em laboratório e cerca de 120 suspeitos distribuídos por 23 países.
Em declarações à agência Lusa, o infeciologista Jaime Nina, do Hospital Egas Moniz, em Lisboa, adiantou que o vírus e a doença já são conhecidos desde os anos 50, mas só a partir do final dos anos 70, princípio dos anos 80, é que começaram a ser diagnosticados casos em humanos.
“Tem havido um crescente número de casos humanos à medida que as últimas pessoas vacinadas contra a varíola vão sendo cada vez mais velhas”, disse Jaime Nina.
“À medida que vão nascendo crianças que não foram vacinadas, vai aumentando a percentagem de pessoas que são suscetíveis, o que explica em parte o aumento de número de casos endémicos”, explicou, lembrando que a vacina deixou de ser obrigatória quando a doença foi eliminada no mundo com a vacina.
Jaime Nina referiu que a esmagadora maioria dos casos (97%, 98%) são na República Democrática do Congo.
Há duas variantes ou subespécies de Monkeyox, uma da África Oriental (a bacia do Congo) e da África Ocidental, fundamentalmente da Nigéria, adiantou.
Na semana passada, uma equipa do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) fez a sequenciação completa do vírus Monkeypox, e segundo a qual a variante que está em Portugal, em Espanha, Inglaterra, entre outros países, é oriunda da Nigéria.
Jaime Nina apontou como hipótese para a entrada do vírus um animal importado da Nigéria infetado ou alguém que veio da Nigéria no período de incubação.
“O que está diferente – ainda não está publicado e não se sabe se serão todos casos assim – é que, tradicionalmente, o ‘Monkeypox’ transmite-se por contacto direto, muito próximo, a maioria em crianças” e, em Portugal todas as infeções confirmadas são em homens.
Jaime Nina disse que nos casos de que teve “melhor conhecimento” o contágio foi por relação sexual, o que disse fazer sentido porque “é o contacto mais próximo”.
Questionado se a vacina contra a varíola seria eficaz, o infeciologista disse que “é bom saber que há uma vacina e é bom saber que há ‘stocks’ de vacina”, mas, disse, “de momento, não me parece indispensável”.
“O vírus tem um R0 [indicador de transmissibilidade] baixo (…) nalguns casos nem chega a um, extingue-se espontaneamente. Não é um vírus muito transmissível”, salientou.
“Se se confirmar na sua nova forma de transmissão, que é sexual, à partida, não será necessário fazer a vacinação em massa, tanto mais que a vacina da varíola não é uma vacina bem tolerada, dá efeitos secundários graves”, informou.
LUSA/HN
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