De acordo com Paulo Costa “até um terço dos utentes adultos” poderá “experienciar dificuldades na obtenção de um acesso venoso periférico” e “quanto maior for o grau de dificuldade, menor é a probabilidade de sucesso à primeira tentativa de punção”.
“As tentativas múltiplas de punção esgotam a rede venosa periférica da pessoa, o que poderá resultar na necessidade de se optar por um acesso venoso central”, explica.
Atendendo ao aumento de custos associados para os sistemas de saúde e o impacto na experiência do doente, o investigador e assistente convidado na ESEnfC desenvolveu um projeto que visa facilitar o processo da cateterização venosa periférica em adultos.
A bolsa, no valor de 3 mil euros, servirá ainda para apoiar o desenvolvimento de um referencial que vai ajudar à tomada de decisão dos enfermeiros durante aquele procedimento clínico invasivo, em função da avaliação do risco de dificuldade associado à punção do vaso sanguíneo, seja para administração de terapêutica endovenosa, para colheita de espécimes, administração de meios de contraste, componentes sanguíneos ou por via não oral.
Assim, o trabalho pretende, portanto, “expandir o potencial” de uma escala classificativa – Modified A-DIVA (Adult Difficult Intra Venous Access) Scale –, já adaptada à população portuguesa (no âmbito do projeto doutoral de Paulo Costa), enquanto “ferramenta que informe os profissionais de saúde sobre cuidados a ter durante a inserção e manutenção” dos dispositivos de acesso endovenoso periférico, potenciando “a qualidade e segurança dos cuidados prestados, assim como a experiência dos utentes”, afirma o investigador.
A escala em apreço permite classificar o risco de dificuldade – baixo (nível 0 e 1), médio (2 e 3) e alto (4 e 5) – dos acessos periféricos, de uma forma padronizada entre os profissionais, uniformizando a nomenclatura utilizada e promovendo a continuidade dos cuidados.
Paulo Costa afirma que, “em Portugal, ao contrário de outras técnicas e procedimentos clínicos, não existe uma norma ou padrão de qualidade para a cateterização venosa periférica”, uma “lacuna que poderá, em parte, explicar as abordagens distintas” a este procedimento clínico invasivo, “identificadas em vários estudos realizados” no país (continente e ilhas) “nas últimas duas décadas”.
“Associadas as estas práticas, identificam-se também taxas elevadas de complicações associadas e necessidade de novas cateterizações durante o período de internamento”, conclui.
Paulo Costa receberá a bolsa de investigação em Dublin, durante a 6ª Conferência Bienal Europeia da Sigma, a realizar, de 22 a 25 de junho, na capital da Irlanda.
PR/HN/VC
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